Aulas tradicionais, discursivas, organizadas apenas com auxílio de giz e quadro negro acabam por sedimentar uma idéia antiga de que tudo, para ser devidamente aprendido, deve ser decorado. Assim, muitos alunos acabam por não atingir as médias esperadas durante as avaliações e, aqueles que o fazem, cedo ou tarde irão esquecer muito do que foi aprendido.
A verdade é que a Ciência, como outras tantas disciplinas, possui sua linguagem própria e nossos alunos, para aprenderem, precisam também serem alfabetizados cientificamente.
"A aprendizagem dos conceitos científicos ou da segunda língua na escola baseia-se num conjunto de significados da palavra, desenvolvidos previamente e originários das experiências cotidianas da criança. Este conhecimento espontaneamente adquirido medeia a aprendizagem do novo. Assim, os conceitos cotidianos estão “entre o sistema conceitual e o mundo dos objetos” exatamente da mesma maneira que a primeira língua de cada um medeia os pensamentos e a segunda língua" (PANOFSKY et. al., 1996, p.245-6)
Assim, para facilitar o processo de aprendizado, o professor de Ciências precisa ser mais criativo na preparação e produção de suas aulas. Elas precisam ir além da exposição de conceitos e definições abstratas para tornarem-se atividades mais dinâmicas, onde o aluno consiga compreender e, se possível, experimentar aquilo que se está aprendendo.
Durante o desenvolvimento de aulas, visando apresentar conceitos de habitat, nicho ecológico e adaptações dos seres vivos a alunos do Quarto Ano do Ensino Fundamental, percebi que eles tinham certa dificuldade em compreender estas informações. A solução para este problema veio com a incorporação de atividades, onde eles pudessem pesquisar e colocar em prática as idéias apresentadas. Desta forma eles passaram entender melhor, com mais facilidade e rapidez, os conceitos apresentados.
A atividade elaborada foi bem simples: através de uma pesquisa prévia, selecionei sete animais (onça-pintada, pirarucu, libélula, borboleta-olho-de-coruja, jibóia, sapo-ferreiro e tucano-toco) e elaborei um cartaz contendo uma foto grande de cada um deles.
Em seguida elaborei também, pelo menos, oito fichas para cada um destes animais. Nestas fichas foram contempladas curiosidades e informações de dois grupos:
- informações relacionadas ao habitat e nicho ecológico da espécie,
- informações relacionadas as adaptações que aquela espécie possui para viver naquele ambiente.
Organizei as informações destas fichas de forma que, cada uma delas, possuísse uma dica do animal a que ela pertencia. Após este processo, embaralhei todas elas e pedi para que, em grupos, os alunos organizassem as fichas, descobrindo a que animais elas pertenciam.
Depois montamos cartazes para cada uma das espécies estudadas e expusemos os trabalhos em sala de aula. Meus alunos, como a maioria das crianças, adoram animais. Eles, portanto, ficaram muito curiosos e bastante envolvidos durante toda a atividade, enquanto eu ia utilizando aquele momento para apresentar e ensinar mais sobre “adaptações”, “nicho ecológico” e “habitat”, utilizando aqueles animais como exemplos.
As fotos abaixo apresentam alguns momentos desta atividade:
PANOFSKY, C. et al. O desenvolvimento do discurso e dos conceitos científicos. In: Moll, L. (Org) Vygotsky e a educação: implicações pedagógicas da psicologia. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. p.245-60.