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Ultrapassando Fronteiras: Projetos Educativos na Papua Nova Guiné

7/5/2014

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PictureMadina Primary School - Papua Nova Guiné
Durante o mês de junho, tive a oportunidade de conhecer a Província de Nova Irlanda, na Papua Nova Guiné. Durante minha visita a este belíssimo país, estive em contato com uma escola localizada em uma comunidade indígena, num vilarejo chamado Madina, onde apresentei aos professores um pouco da minha experiência como educador no Japão e também tive contato com os alunos. Esta escola, a Madina Primary School, participa do projeto “Pen Pal”, onde seus alunos se correspondem com os alunos da Escola Hirogakuen no Japão desde 2011. Neste post e em outros que virão, vou contar um pouco desta incrível experiência.

A Papua Nova Guiné sempre atraiu a atenção de diversos especialistas e pesquisadores, interessados na diversidade linguistica das diversas ilhas que compõe o país. Em toda Papua,  podem ser encontrada mais de 850 línguas diferentes, muitas das quais estão hoje quase extintas, pois muitas famílias vem lentamente, a cada geração, formando um número menor de pessoas capazes de falar a língua de seus antepassados, dentro de suas próprias comunidades. Nenhum país no mundo possui tanta diversidade linguística e, como motivo de comparação, podemos citar a Indonésia que, apesar de ocupar o segundo lugar, possui cerca de 300 línguas diferentes, ou seja, menos da metade da Papua Nova Guiné. Apesar de tantas línguas, o Inglês é a lingua oficial ensinada nas escolas e utilizado como meio de comunicação formal em todo país.
Foi através de um destes especialistas em línguas, o Professor Dr. Craig Alan Volker, que foi possível,  a quatro anos atras, iniciar um projeto de intercâmbio entre a Escola Brasileira Professor Kawase - Hirogakuen, no Japão, e a Madina Primary School da Papua Nova Guiné.
O Dr. Volker, atual Professor de Pesquisas Lingüísticas da Divine Word University na Papua Nova Guiné, na época, trabalhava na Gifu Shotoku Gakuen University, no Japão, e mantinha contato com o vilarejo indígena de Madina, localizado na Província de Nova Irlanda. Foi neste mesmo vilarejo que, há 20 anos atrás, ele descreveu e documentou a “Nalik”, uma língua indígena falada por uma comunidade de mesmo nome, que hoje está representada por aproximadamente 4.000 pessoas nesta região.

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Vista de alguns dos prédios da Madina Primary School
Como após a pesquisa, o Prof. Volker continuou a desenvolver diversos projetos relacionados a língua Nalik, ele ajudou no estabelecimento do intercâmbio entre estas duas escolas o que resultou no Projeto “Pen Pal”, onde os alunos destas duas instituições passaram a trocar correspondências.
O Projeto “Pen Pal” tem como um de seus principais objetivos, incentivar e desenvolver o interesse dos alunos pelo estudo da língua inglesa, além de possibilitar a partilha de elementos dos locais onde vivem, promovendo um intercâmbio cultural entre seus participantes. Maiores detalhes sobre este projeto, podem ser acessados em “Projeto Pen Pal”.
A Madina Primary School é uma escola pequena, que atende cerca de 156 crianças e adolescentes, onde a grande maioria (cerca de 95%) pertencem a comunidade indígena Nalik. As séries encontram-se divididas entre o Terceiro Ano ao Oitavo Ano que, no sistema brasileiro, corresponderia as mesmas séries, porém, no sistema da Papua Nova Guiné, o Ensino Médio possui quatro séries, começando no Nono Ano e terminando no Décimo Segundo Ano.
As crianças em séries inferiores ao Terceiro Ano, são atendidas em outra unidade escolar: a Madina Elementary School e os alunos que concluem o Oitavo ano podem escolher uma das diversas escolas do Ensino Médio, para continuarem seus estudos.

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Bandeira da Provincia de Nova Irlanda, na Madina Primary School.
A princípio, o ambiente e o comportamento dos alunos, lembram ao de uma escola rural no Brasil. As construções são bem simples, todas em madeira, e o ambiente é representado, principalmente, por uma exuberante floresta, que se estende por todos os arredores da escola.
Aos poucos, porém, vamos percebendo grandes diferenças…
Algo que chama a atenção, de imediato, é que cada aluno carrega para a escola um longo “facão”. É possível ver crianças do Quarto Ano, carregando longos facões para a escola, pois elas precisam desenvolver determinadas tarefas, onde esta ferramenta é requisitada como: aparar a grama, retirar ervas daninhas dos canteiros, ou mesmo, cortar um coco para ser consumido como lanche, na hora do recreio.
A princípio, chega a ser assustador ver crianças portando algo tão perigoso mas, aos poucos,  vamos nos acostumando com esta cena estranha, ao perceber que todos manuseiam seus facões com bastante cuidado e responsabilidade. Quando contei a diretora sobre o meu espanto e indaguei se ela e os professores não temiam que os alunos viessem a se ferir, ela apenas riu. Para estes pequenos e seus professores, carregar um facão é algo tão normal quanto trazer caneta e caderno para a escola.


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Crianças indo para a escola com seus "facões"
No currículo desta escola, existe uma disciplina chamada “Making a Living”, onde os alunos aprendem sobre tarefas comuns em suas comunidades como: o desenvolvimento de agricultura de subsistência, além de aspectos relacionados a pesca e exploração de outros recursos naturais da região. Como atividade prática, neste semestre, os alunos estão cultivando melancias, das quais fomos presenteados com um exemplar, pelos alunos do Sexto Ano.
Durante o período em que tive a oportunidade de visitar a escola, pude conversar com os alunos e desenvolver algumas atividades. Assim, eu ensinei o Terceiro Ano a confeccionarem alguns Origamis (dobraduras em papel) e apresentei aos alunos do Quarto Ano alguns animais brasileiros e os ensinei a cantarem e brincarem de Escravos-de-Jó. Esta última atividade foi tão bem aceita que, dias após minha visita os alunos ainda lembravam a música e continuavam a brincar com seus colegas.

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Aula de Origami com alunos do Terceiro Ano - Madina Primary School
Segundo o Professor Volker, como estas crianças nasceram em um ambiente onde, falar diversas línguas é algo natural, elas acabam não tendo dificuldades em aprenderem novas palavras, quando estas lhe são apresentadas.
Assim, aprender esta canção folclórica brasileira foi extremamente divertido para estes pequenos e também a seus professores que, anotavam tudo que eu ia explicando, e tentavam pronunciar as palavras juntamente com os alunos.
No próximo post irei contar um pouco mais sobre minha experiência na Madina Primary School, focando nas atividades do Workshop que desenvolvi com os professores desta unidade, durante o período de 23 a 27 de junho. Veja abaixo, mais fotos sobre esta experiência pela Papua nova Guiné.

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Os Incríveis Macacos-da-neve

5/16/2014

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Conheça um grupo de macacos,  que gosta de tomar banhos de água quente, para se aquecer durante o inverno japonês.
Este vídeo, elaborado com alunos do Quinto e Sexto Ano, mostra esta e outras curiosidades destes incríveis animais.



Este vídeo, sobre o macaco-da-neve, também conhecido como macaco-japonês (Macaca fuscata), foi elaborado com a colaboração dos alunos do Quinto e Sexto Ano da Escola Brasileira Professor Kawase - Hirogakuen.
A idéia surgiu após uma aula onde os alunos assistiram vídeos e viram fotos do Parque Jigokudani, localizado na cidade de Yamanouchi, Província de Nagano, onde existe um grupo especial destes macacos.
O macaco-japonês é bem conhecido pela sua habilidade de descobrir coisas novas e ensinar ao seu grupo, perpetuando este aprendizado por gerações. Assim existem hoje, no Japão, grupos destes macacos com comportamentos bem diferentes entre si, entre os quais o grupo de Jigokudani que aprendeu a tomar banhos em águas termais para se proteger do frio intenso do rigoroso inverno desta região.
Os alunos do Sexto Ano conduziram uma pesquisa na internet, buscando informações sobre este primata. Esta pequisa foi posteriormente formatada como um roteiro, para ser transformado num vídeo documentário do macaco-da-neve.
Os alunos do Quinto Ano também quiseram participar e auxiliaram participando das gravações do texto elaborado pelo Sexto Ano e trazendo diversas sugestões para o vídeo.
A professora de Japonês da Hirogakuen, colaborou muito para desenvolvimento do interesse dos alunos pelas pesquisas, trazendo um documentário, em japonês, sobre um grupo de macacos que habitam o Norte do Japão. O estudo detalhado sobre o clima, localização geográfica de onde estes animais vivem, além e aspectos culturais dos macacos dentro da cultura japonesa, tornou este projeto interdisciplinar e participativo.
Confira no link abaixo a história dos Incríveis Macacos-da-neve, contada pelos alunos do Quinto e Sexto Ano da Escola Hirogakuen.
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Animais Japoneses Ameaçados de Extinção

10/22/2013

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Neste post gostaria de apresentar um pequeno livro ilustrado, resultado de um projeto desenvolvido com alunos da Terceira e Quarta séries do Ensino Fundamental I  da Escola Comunitária Paulo Freire no Japão.
O projeto "Fauna do Japão", teve como principal objetivo conhecer um pouco mais sobre os animais da Terra do Sol Nascente, fazendo um paralelo com as informações contidas nos livros adotados pela escola que, por serem oriundos do Brasil, não contemplavam a fauna e a flora do Japão.
Assim, conversamos bastante durante nossas aulas sobre o mico-leão-dourado, o lobo-guará, a onça-pintada mas também pesquisamos sobre quais animais vivem no Japão, suas principais características e modo de vida. 
A internet foi uma grande aliada, pois foi a ferramenta que possibilitou acessar informações sobre os ecossistemas japoneses e seus seres vivos. Assim, escolhemos seis animais que, por escolha do próprio grupo, deveriam estar ameaçados de extinção.
Os pequenos textos foram construídos pelos próprios alunos, com base nas pesquisas realizadas na internet. Eles foram orientados a buscarem informações que eles achavam interessantes, anotar em seus cadernos, para posteriormente produzirem um texto sobre aquele determinado animal.
Depois procedeu-se a elaboração de desenhos, pinturas com lápis-de-cor e Giz-de-cera e construção de origamis.
Foi uma atividade muito divertida, com ampla participação de todos os integrantes e desenvolvimento de trabalhos muito bonitos e criativos.  

Animais japoneses ameaçados de extinção by Claudio da Silva

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Oficina: "Vida, Transformação e Descobertas na Água Doce" (Parte I)

1/13/2013

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    A história da região de Kaizu, localizada na província de Gifu no Japão, nos mostra claramente como o homem, através das suas ferramentas tecnológicas, consegue dominar e domesticar o meio em que vive, de acordo com suas necessidades adaptativas.
    A fúria da natureza, no passado, traduzida na forma de grandes inundações anuais, desencadeou no homem de Kaizu um íntimo relacionamento com a água, que acabou moldando sua cultura ao longo do tempo.
    As práticas desenvolvidas e retratadas neste artigo, foram fruto de um plano integrado e interdisciplinar, desenvolvido entre os meses de Maio e Novembro de 2012, para a o estudo destas transformações ocorridas a mais de 100 anos, para o entendimento do ambiente que hoje encontramos naquela região
    Durante este período, os alunos do Terceiro Ano do Primeiro Ciclo, da Escola Brasileira Professor Kawase - Hiro Gakuen, participaram de atividades que contemplaram as áreas de Ciências, História e Geografia, tendo a água como como eixo central.
    Estas prática foram organizadas na forma de três oficinas: "A Vida na Água Doce", "Descobertas na Água Doce" e "Transformações nos Mananciais de Água Doce".
        Neste primeiro artigo será apresentada a primeira oficina "A Vida na Água Doce" que contempla a área de Ciências.


             “A Vida na Água Doce - Estudo dos seres vivos de um riacho”

INTRODUÇÃO: Dentro de corpos d'água naturais, encontramos uma infinidade de seres adaptados a vida aquática, dependentes de um ambiente equilibrado para seus processos ecológicos, que tem influência com o meio terrestre. A compreensão de como funcionam e se organizam estes ambientes, através de atividades práticas, proporcionam um entendimento das interações existentes na natureza e da importância de um meio equilibrado para o próprio homem, além do que, para as crianças, a curiosidade é um incentivo para que investiguem o mundo e esse processo é muito importante durante seu desenvolvimento. A partir da exploração de temas e conceitos sobre os ambientes de água doce, foram desenvolvidas práticas e dinâmicas sobre a fauna aquática do riacho localizado nas imediações da Escola Brasileira Professor Kawase - Hiro Gakuen, estudando a água como recurso indispensável aos seres vivos e os problemas relacionados a sua conservação.

PÚBLICO ALVO: 11 alunos do 2º Ano do Ensino Fundamental da Escola Brasileira Professor Kawase - Hiro Gakuen, localizada no município de Ogaki, província de Gifu - Japão).

OBJETIVOS:
- Discutir o consumo, desperdício e degradação dos recursos hídricos, compreendendo que o uso irresponsável da água pode prejudicar a sobrevivência dos seres vivos;
- Montar aquários de água doce, utilizando estes ecossistemas artificiais, para a compreensão de processos que ocorrem na natureza;
- Desenvolver um estudo do meio, coletando alguns animais aquáticos, para povoar os aquários, observando e investigando seus modo de vida;
- Registrar as atividades vivenciadas através de desenhos e textos coletivos.
Expor os resultados destas práticas durante a Feira de Ciências da Hiro Gakuen.


DESENVOLVIMENTO: Os alunos coletaram, identificaram e durante alguns meses, mantiveram em aquários espécies da fauna aquática do riacho da Escola Hiro Gakuen. Foram coletados peixes, lagostins, caramujos e diversos insetos aquáticos. Nesta fase estudamos também a água como um recurso indispensável aos seres vivos e os problemas relacionados a sua conservação. Durante algumas semanas os alunos observaram os animais, desenvolveram pesquisas sobre a biologia destas espécies e produziram textos coletivos sobre tudo que vivenciaram. Todo este trabalho foi apresentado durante a Feira de Ciências da Escola Hiro Gakuen, onde os alunos explicaram sobre os habitantes do riacho da escola, além da importância da água para os seres vivos. A partir de sugestões dos próprios alunos, os textos coletivos e ilustrações elaborados, foram incorporados no livro “Vida, Transformações e Descobertas na Água Doce - A região de Kaizu no Japão”, visto que, o riacho da escola encontra-se conectado aos rios desta região.

CONSIDERAÇÕES FINAIS: A experimentação, como prática no ensino, é um valioso recurso no ensino/aprendizagem, principalmente quando as atividades são instigantes e desafiadoras, permitindo que a criança possa explorar e descobrir coisas por si só, tornando o ato de aprender interessante, divertido e prazeroso. Os momentos vividos durante a realização desta oficina, onde os alunos exploraram a fauna e a flora dos ambientes de água doce, compreendendo a importância deste recurso natural e indispensável a vida, possibilitou trabalhar dentro de uma concepção mais participativa e interdisciplinar, onde conceitos de Ciências puderam ser compreendidos através da interação direta com o objeto de estudo. O resultado de todo este processo foi uma grande participação destes pequenos investigadores, norteada pelo desencadeamento de uma intensa vontade de conhecer e aprender.
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Oficina "Ciência e Arte: O origami no ensino de geometria"

12/17/2012

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Alunos brasileiros no Japão participam de uma oficina interdisciplinar, aprendendo sobre geometria e a biodiversidade dos ecossistemas brasileiros. Atividade desenvolvida para o Relatório Reflexivo apresentado ao Curso de Licenciatura em Pedagogia - Acordo Brasil/Japão como requisito para conclusão da disciplina Práticas Pedagógicas e Ensino - Estágio II, “Currículo e Organização do Trabalho Pedagógico e Desenvolvimento de Conceitos Matemáticos”.

A Geometria, por trabalhar com as formas e dimensão dos objetos e estar presente, de maneira explícita, na Educação Artística (seja na organização e diagramação de traços e figuras ou na composição de desenhos e pinturas) e na Ciência (na forma e simetria dos elementos da natureza que nos cercam), mostra-se uma área rica para exploração de atividades interdisciplinares. Assim, através de um diálogo entre elementos destas três disciplinas, foram organizadas atividades que proporcionassem situações de aprendizagem, onde a matemática, neste caso a Geometria, estivesse relacionada e interligada a elas.      
No campo das artes escolheu-se o Origami, por tratar-se de uma técnica que utiliza formas geométricas na construção de figuras e objetos, além de ser uma atividade bastante presente no cotidiano das crianças que vivem no Japão. Trata-se de um material barato, de fácil aquisição, com diversos tamanhos, texturas e cores (Figura 1). 
Origami é uma palavra de origem japonesa constituída a partir da união das palavras ori (dobrar) e kami (papel). Segundo KODA (1986), a arte do origami nasceu na China e após quinhentos anos foi levada para o Japão, no começo do século 6, por um monge budista chamado Tonchyo, sacerdote, doutor e físico da Coréia, que trouxe para o Japão, além dessa arte, a pintura e a fabricação de tinta.
Durante a confecção de um Origami, vão surgindo figuras geométricas como triângulos e quadriláteros, além de múltiplas linhas de simetria dentro da mesma figura, que podem ser perfeitamente utilizados para ensinar noções de retas perpendiculares, congruência, classificação de figuras quanto ao número de lados, entre outros.
O estudo da Geometria, no seu sentido mais abrangente, trabalhado através de construções planas e espaciais, com auxílio do Origami, pode portanto fornecer oportunidades de exploração que permitam investigar, descrever e descobrir as propriedades destas construções. Pode também ampliar as possibilidades da percepção e exploração do espaço, pontos estes essenciais na leitura e entendimento do mundo em que vivemos. De acordo com REGO et al (2003, p. 18):


“O Origami pode representar para o processo de ensino/aprendizagem de Matemática um importante recurso metodológico, através do qual, os alunos ampliarão os seus conhecimentos geométricos formais, adquiridos inicialmente de maneira informal por meio da observação do mundo, de objetos e formas que o cercam. Com uma atividade manual que integra, dentre outros campos do conhecimento, Geometria e Arte.”

A geometria, sendo a parte gráfica da matemática, encontra-se na maioria das propostas curriculares das escolas dentro da área de matemática, geralmente como um dos últimos tópicos a serem ensinados. Quando é vista na escola, poucos são os professores que dão ao seu ensino uma abordagem gráfica, trazendo o desenho à tona; poucos são os que evidenciam seu aspecto lúdico. A geometria, no ensino fundamental, muitas vezes fica sendo mais uma abordagem teórica, bastante algebrizada, e assim prossegue pelo ensino médio que da mesma forma reproduz o modelo teórico, até ser evidenciada pelos programas dos vestibulares das universidades.     
Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática para o Ensino Fundamental – PCN (BRASIL, 1998) apontam que a construção do pensamento geométrico deve ocorrer ao longo da Educação Básica e que a geometria não deve ser vista como um elemento separado da Matemática, mas sim, uma parte que ajuda a estruturar o pensamento matemático e o raciocínio dedutivo, devendo permitir ao aluno examinar, estabelecer relações e compreender o espaço tridimensional onde vivemos.

Objetivos: Esta oficina foi desenvolvida com alunos do Terceiro Ano do Ensino Fundamental I, na faixa etária de 7 a 10 anos. A partir da exploração de temas e conceitos de ecologia (Ecossistemas Brasileiros), realizou-se atividades práticas com origamis, como ferramentas no ensino e aprendizado de conteúdos de matemática na área de geometria visando.
  • Assistir uma apresentação em Power Point com imagens dos Ecossistemas Brasileiros a fim de conhecer a diversidade de ambientes e seres vivos existentes no Brasil;
  • Visualizar mapas da vegetação do Brasil, analisando a área ocupada pelos principais biomas no país e localizando as regiões onde estes estão distribuídos;      
  • Elaborar figuras Geométricas Planas, confeccionadas com Origami e com estas, construir um caderno ilustrado de Geometria;       
  • Aprender os nomes das principais figuras geométricas planas, identificando-as de acordo com suas principais características durante o desenvolvimento e confecção de Origamis;
  • Elaborar figuras de animais brasileiros, utilizando-se a técnica do Origami com papéis coloridos;
  • Produzir um mapa da vegetação do Brasil, coletivo, que apresente e represente os conceitos e informações discutidos e utiliza-lo como fundo para a apresentação e exposição dos Origamis confeccionados pelos alunos.         

Desenvolvimento: A ofincina foi desenvolvida durante o período de quatro semanas, durante o mês de janeiro de 2012, com um grupo de 11 alunos do Terceiro Ano do Ensino Fundamental I da Escola Brasileira Professor Kawase – Hiro Gakuen (Cidade de Ogaki, Província de Gifu, Japão).
Para melhor organização e execução da Oficina “Ciência e Arte: O Origami no Ensino de Geometria”, foram consideradas Cinco etapas:


Etapa 1. Apresentação da Oficina: Nesta atividade introdutória, os alunos tiveram a oportunidade de assistirem ao vídeo Nature by Numbers (VILA, 2010), que apresenta diversas propriedades matemáticas na natureza, entre elas a geometria. Foi solicitado a eles que prestassem bastante atenção nas imagens (vídeo disponível abaixo).    
Após estas observações, foi então explicado sobre o que iria ser trabalhado na oficina “Ciência e Arte”, e quais atividades seriam desenvolvidas.  A geometria e sua presença ao nosso redor, foi apresentada de forma livre, com a exploração e observação de objetos presentes no ambiente da sala de aula. Os alunos também conheceram a história do origami, aprendendo um pouco sobre sua origem.

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Figura 1. Mapa-Poster da Biodiversidade (Revista Terra)
Etapa 2. Ecossistemas Brasileiros: Os principais Biomas brasileiros (Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal, Litoral e Região Costeira e Campos), foram apresentados de forma simples, visando o entendimento de suas dimensões e distribuição pelo território brasileiro, além de informações gerais sobre suas principais características fisionômicas e exemplos de seres vivos encontrados neles. Nesta atividade utilizou-se um mapa da vegetação brasileira, além do suplemento Mapa-Poster da Biodiversidade (REVISTA TERRA), como forma de concretizar os conceitos explorados, visto que nesta série, nas disciplinas de Geografia e História, os alunos já tem contato com o território brasileiro (Figura 1 e 2). Esta atividade também foi uma oportunidade de apresentar aspectos da terra natal  àqueles alunos, que apesar de possuírem a nacionalidade brasileira, pouco contato tiveram com o seu país de origem ou mesmo para aqueles onde o Brasil parece ser apenas uma idéia distante, a terra de seus pais pois nasceram no Japão e nunca deixaram o país. Nesta etapa, além dos mapas, foi também utilizado uma apresentação com imagens dos Biomas brasileiros e os principais seres vivos que os habitam, organizadas em Power Point.

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Figura 2. Alunos explorando o Mapa-poster da Biodiversidade
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Figura 3. Figuras geometricas trabalhadas com os alunos
Etapa 3. Formas na Natureza: A partir das imagens vizualizadas na etapa anterior, procurou-se estimular nos alunos, num exercício de imaginação, a observação e identificação de formas geométricas na natureza e no ambiente ao seu redor. Assim a criança pode observar a importância da geometria presente nos elementos da natureza e na criação do homem.  
Neste exercício foram apresentados as principais formas geométricas planas, seus elementos e conceitualização.
Com uso de origamis coloridos, os alunos foram orientados a confeccionar figuras geométricas e durante esta atividade, foram discutidos conceitos de reta, lado, ponto, etc.
Cada aluno, posteriormente, recebeu um caderno previamente preparado, para colarem estas figuras, classificando-as quanto ao número de lados (Figura 3 e 4).    
As dobras destes origamis eram também os primeiros passos para a confecção das figuras de animais que seriam explorados na etapa seguinte. Assim, elaborando as figuras geométricas eles estavam, ao mesmo tempo, treinando para elaborarem as complicadas dobraduras de animais silvestres.


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Figura 4. Alunos confeccionando origami de figuras geométricas
Etapa 4. A Geometria do Origami: Através da construção de figuras com origami, pretendeu-se consolidar os conhecimentos apresentados nas etapas anteriores fazendo uma conexão com os biomas brasileiros.
Num primeiro momento foram construídas apenas figuras geométricas simples, refazendo o percurso da etapa anterior, os quais eram a base para o desenvolvimento de nove origamis previstos para a oficina: Boto-cor-de-rosa, Arara-vermelha, Lobo-guará, tucano-toco, Tartaruga verde, onça-pintada, Baleia-jubarte, Arara-azul e Ema (Figura 5).
Durante a elaboração das dobraduras, recorreu-se aos elementos presentes nas figuras geométricas já apresentadas, visto que, durante esta atividade, vão aparecendo retas (nas dobras), bem como as figuras vão se alternando o que permite com que o aluno relacione e entenda os conceitos de forma prática e concreta. Esse trabalho favoreceu a observação e construção de formas, possibilitando ao aluno reconhecer as semelhanças entre elas, podendo assim compor e decompor figuras, percebendo algumas simetrias como características das figuras.  
Como forma de estímulo a curiosidade e interação, foram inseridos durante esta prática, informações sobre o modo de vida dos seres vivos construídos,  e a identificação de suas principais adaptações aos ecossistemas onde vivem.
Quanto aos conteúdos de matemática, explorados com a construção das figuras geométricas, os alunos conseguiram compreender os conceitos envolvidos na construção das figuras planas, pois conseguiram vivenciar a teoria de forma concreta. Conforme as figuras iam sendo construídas, elas eram conceituadas e classificadas. Como muitas delas se repetiam ao longo do processo, os próprios alunos passaram a nomear cada passo com as respectivas formas que surgiam. Assim era mostrado como deveria ser dobrado e alguém dizia “é para fazer um triângulo professor?” ou “Agora virou um pentágono né?”; “Como é mesmo o nome desta?”
Colocar a criança em contato com novas experiências como a arte, eventos culturais ou jogos, estimula sua imaginação e originalidade levando-as a explorações e reflexões (KOHL & GAINER, 1995).

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Figura 5. Alguns dos origamis de animais confeccionados pelos alunos.
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Figura 6. Elaborando o Mapa dos Ecossistemas Brasileiros
Etapa 5. Mapa coletivo das formações vegetais do Brasil: Nesta última etapa, um quebra cabeça do mapa da vegetação do Brasil,  com dimensões de aproximadamente 1,0m X 70cm, dividido em folhas tamanho A3, foi recortado e montado coletivamente com os alunos. O domínio das vegetações, nele presente, foi delimitado com cartolinas coloridas (Figura 6).
Após a construção do mapa, foram elaboradas legendas dos ambientes, e dos origamis dos seres vivos, estas últimas escritas pelos próprios alunos. Os origamis e fotos dos ecossistemas representados foram afixados ao mapa e o trabalho, posteriormente exposto no mural da escola (Figura 7).



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Figura 7. Finalizando o Mapa dos Ecossistemas Brasileiros
Conclusão:
Durante o desenvolvimento desta prática, verificou-se a participação e motivação intensa dos alunos, que aprenderam sobre os ecossistemas brasileiros e alguns animais que neles habitam, através de atividades artísticas com origami explorados sob a ótica das formas geométricas.
Verificou-se também que o aprendizado sobre geometria e dos conteúdos propostos de ciências transcenderam o espaço reservado ao projeto, sendo reproduzidos e discutidos em outros momentos durante as aulas de outros professores.
O fato das atividades envolverem estudo de animais e origamis, fez com que todos ficassem bastante entusiasmados e envolvidos em todas as etapas desenvolvidas.


Referências Bibliográficas:
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais de Matemática para o Ensino Fundamental. Secretaria de Educação. Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

KOHL, M.F; GAINER, C. Fazendo arte com as coisas da terra. Arte ambiental para crianças. São Paulo. Editora Augustus, 1995.

KODA, Y. Origami. Traduzido por Akiko Kunihara Watanabe e revisto por Rafael Almir Marcial Tramm. São Paulo: Aliança Cultural Brasil-Japão, 1986. (Caderno de Cultura Japonesa).

REGO, R. G. ; GAUDÊNCIO, R. M. & JUNIOR, S. A Geometria do Origami. João Pessoa, PA: Editora Universitária/ UFPB, 2003. VILA, C. Nature by Numbers. Vídeo produzido pela Etherea Training, Saragossa, Spain, 2010. Disponível em: <http://www.etereaestudios.com/docs_html/nbyn_htm/intro.htm> acesso em 18 dezembro 2012.




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Porque as pessoas são diferentes? Falando sobre a diversidade.

10/14/2012

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    A escola, como espaço social, opera como um local de encontro da diversidade e,  portanto, ela precisa também ter o importante papel de possibilitar aos educandos o (re) conhecimento das diferenças.
    É no espaço escolar que os alunos podem perceber que somos todos diferentes e que estas diferenças não podem pautar desigualdades sociais ou construir relações desiguais (RIBEIRO et. al., 2008). Assim, o currículo escolar precisa trazer a luz discussões que permitam que os alunos entendam que os fatores culturais e religiosos,  partilhados por determinados grupos, são importantes na construção da nossa sociedade e nunca impeditivos no desenvolvimento de nossas potencialidades pessoais.
    Segundo SACRISTÁN (1995), o currículo escolar precisa ser multicultural e real, na medida em que a aprendizagem depende da interação entre educador-educando, ou entre os próprios educandos e através da forma com que as atividades são desenvolvidas.
    A vivência na escola deve valorizar a experiência e o aprendizado, neste contato com a diversidade, e não apenas na assimilação de conteúdos. 
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A atividade deste projeto, na verdade, faz parte de algumas das dinâmicas que utilizo com meus alunos ao longo do ano. Na minha escola existe um sistema de monitorias onde, cada professor fica responsável durante o ano por uma determinada turma. A este professor são delegadas tarefas como a de acompanhar o rendimento dos alunos, individualmente e coletivamente, orientá-los sobre o comportamento e conversar com os pais nas reuniões pedagógicas ou em outras circunstâncias que se fizerem necessárias.
    Sou monitor da turma do Sexto Ano, onde também sou professor de Ciências e Inglês. Durante algumas das minhas aulas, procuro também trazer outras discussões que, apesar de não terem ligações diretas com os conteúdos que ensino, ajudam a criar e manter um ambiente sadio entre os alunos e, de certa forma, acredito que ajudam muito no seu desenvolvimento. A  dinâmica a seguir é sempre realizada na primeira semana de aula e vou contar um pouco de como ela é desenvolvida.

Objetivos:
    Discutir o tema diversidade, dentro da sala de aula, e a construção do respeito pelas diferenças.



Desenvolvimento: Metodologia
    Este projeto foi desenvolvido com um grupo de 21 alunos, do Sexto Ano do ensino Fundamental, da Escola Brasileira Professor Kawase – Hirogakuen, localizada na cidade de Ogaki, Província de Gifu no Japão.
    No início desta atividade, com os alunos dispostos em círculo no chão da sala de aula, primeiro foi solicitado que eles fizessem um pequena apresentação oral dizendo o nome e suas expectativas, em relação a turma, durante o ano letivo de 2012.
    Assim, cada aluno foi pontuando seus anseios, num momento bem divertido onde, entre outras coisas, eles se soltaram e ficaram mais relaxados, permitindo que passássemos para o momento seguinte onde assistimos um vídeo, que havia sido elaborado em 2010, com a turma anterior e que discute a pergunta “PORQUE AS PESSOAS SÃO DIFERENTES” (veja o vídeo abaixo)
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    Procedeu-se então um sorteio dos nomes dos alunos, como se fossemos realizar um “amigo secreto”. Após o sorteio, eu pedi para que os alunos não revelassem o nome que haviam tirado, deveria ser segredo, e que procurassem escrever 5 características positivas relacionadas aquela pessoa. Por diversas vezes, foi  explicado que para que a atividade desse certo que eles deveriam  analisar o outro de uma forma diferente, que procurassem buscar informações que até então eles nunca haviam imaginado ou visto.
    Após este momento, foi sugerido que, de posse destas características, que eles escrevessem uma carta para aquele colega. Esta carta poderia ser enfeitada, colorida e,  posteriormente, seria entregue e lida.
      Durante uma semana, os alunos foram desenvolvendo esta carta em casa e trazendo seus rascunhos para que fossem corrigidos, além de receberem orientações e sugestões para a formatação.
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Nas aulas ainda discutimos sobre a importância da amizade e sobre as diferenças, onde eles foram instigados, de forma livre, a conversarem sobre o tema e darem seus depoimentos. Entre estas discussões, por exemplo, eles foram convidados a contar aquilo que eles gostavam que os amigos fizessem, bem como sobre situações e atitudes que eles não gostavam e como se sentiam em relação aquilo tudo. Falamos sobre apelidos, brincadeiras desagradáveis e sobre o respeito com o próximo.
Eu também dei meu depoimento de quando eu tinha a idade deles e estava na escola e sobre situações que havia vivenciado e que não eram positivas.
No dia da entrega das cartas, todos estavam curiosos para saber o que iriam receber e o que os amigos haviam escrito sobre eles. Foi muito legal observar a agitação deles, parecia que iriam ganhar presentes, como num amigo secreto.


Avaliação:
     Foi um momento emocionante, principalmente pelos relatos que eles colocaram em suas cartas. Os que recebiam o presente, ficavam espantados com o que o colega havia escrito sobre ele, sobre como ele o via, sobre as suas qualidades,  além do cuidado com que haviam embalado e decorado a carta.
    Após este momento, fizemos novamente a roda para darmos encerramento a dinâmica onde eles puderam, novamente, de forma livre comentar sobre a atividade.
    Todos gostaram muito e alguns disseram que ficaram contentes em poder conhecer mais colegas da sala com quem não tinham tanto contato. 


Referências Bibliográficas:
SACRISTÁN, G. J. Currículo e Diversidade Cultural. In: MOREIRA, A. F. e SILVA, T.T. (Orgs). Territórios Contestados: O Currículo e os Novos Mapas Políticos e Culturais. Petrópolis: Vozes, 1995.
RIBEIRO, A.S. T.; SOUZA, B. O.; SOUZA, E. P. História e Cultura Afro-brasileira e Africana na Escola. Brasília: Ágere Cooperação em Advocacy, 2008.


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    Cláudio da Silva

    Sou Pedagogo e Biólogo e atualmente trabalho na Escola Brasileira Professor Kawase - Hiro Gakuen (Ogaki - Japão).

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