Alunos do Quinto Ano participam de uma atividade de panificação, aprendendo inúmeras informações sobre os seres microscópicos. A constituição e organização do corpo humano é o principal assunto abordado dentro dos conteúdos de Ciências, ao longo do Quinto Ano do Ensino Fundamental I. Apesar de ser um tema bastante interessante, pelo fato de ajudar a compreender melhor o funcionamento do nosso organismo, nesta série, as crianças são bombardeadas com inúmeros conceitos, representados muitas vezes por um vocabulário complicado e de difícil assimilação. Já no primeiro bimestre, apresentamos aos pequenos a célula: a menor unidade viva que compõe os seres vivos, um conceito bastante abstrato se considerarmos que ela é invisível aos nossos olhos. Além disso, eles aprendem também que a célula não somente compõe os seres pluricelulares (as plantas e animais), como também existem seres microscópicos formados por uma única célula: os microorganismos, representados pelas bactérias, fungos, algas e protozoários, que aparecem aqui como seres que podem causar doenças ou serem utilizados pelo homem em inúmeras atividades como na fabricação e produção de alimentos. Visando contextualizar as informações sobre a utilização dos seres unicelulares na produção de alimentos, foi desenvolvida uma atividade prática, onde os alunos puderam participar e observar a fabricação de pão caseiro com a utilização de fermento biológico. Para o desenvolvimento deste pequeno projeto, além de uma expositiva sobre o assunto, os alunos participaram de uma apresentação elaborada em Power Point e intitulada: “Os Seres Invisíveis”. Nesta apresentação, eles conferiram fotografias de protozoários e bactérias e também conheceram alguns dos alimentos que consumimos no nosso dia-a-dia que possuem uso direto ou indireto de microorganismos em sua fabricação. Os aspectos sanitários, referentes a conservação dos alimentos, bem como na prevenção de intoxicações alimentares, também foi trabalhado visando prepara-los para a atividade prática de panificação. Selecionou-se também uma aula para o conhecimento da história do pão, desde os tempos mais remotos, que foi apoiada em um texto retirado do site PADARIA CASEIRA. Nesta atividade, analisamos o texto e conversamos um pouco mais sobre o fermento biológico e sua importância, principais características e ação na massa do pão. Material didático da atividade em PDF:
No dia selecionado para a confecção do pão, os alunos já encontravam-se bastante motivados, curiosos e bem informados sobre o assunto. Eles receberam neste dia um pequeno guia, para que pudessem tomar notas da receita, observar passo-a-passo a experiência e relembrar alguns conceitos que havíamos estudado nas atividades anteriores. A realização deste projeto foi muito produtiva para o aprendizado dos alunos. Notou-se uma grande motivação pelo desenvolvimento de todas as etapas e uma intensa curiosidade, representada principalmente pelos inúmeros questionamentos, apresentados durante as nossas aulas. Segue abaixo algumas das fotos elaboradas durante a atividade de panificação. Um dos grandes desafios enfrentados pelo professor de Ciências no seu dia-a-dia, em sala de aula, está na apresentação de novos conceitos aos alunos. Os livros trazem uma infinidade de palavras complicadas que muitas vezes nunca foram utilizadas e/ou ouvidas pelas crianças. Para piorar, grande parte destas palavras possuem origem em idiomas que são estranhos aos alunos, o que as tornam ainda mais desinteressantes ao aprendizado dos pequenos. Aulas tradicionais, discursivas, organizadas apenas com auxílio de giz e quadro negro acabam por sedimentar uma idéia antiga de que tudo, para ser devidamente aprendido, deve ser decorado. Assim, muitos alunos acabam por não atingir as médias esperadas durante as avaliações e, aqueles que o fazem, cedo ou tarde irão esquecer muito do que foi aprendido. A verdade é que a Ciência, como outras tantas disciplinas, possui sua linguagem própria e nossos alunos, para aprenderem, precisam também serem alfabetizados cientificamente. "A aprendizagem dos conceitos científicos ou da segunda língua na escola baseia-se num conjunto de significados da palavra, desenvolvidos previamente e originários das experiências cotidianas da criança. Este conhecimento espontaneamente adquirido medeia a aprendizagem do novo. Assim, os conceitos cotidianos estão “entre o sistema conceitual e o mundo dos objetos” exatamente da mesma maneira que a primeira língua de cada um medeia os pensamentos e a segunda língua" (PANOFSKY et. al., 1996, p.245-6) Assim, para facilitar o processo de aprendizado, o professor de Ciências precisa ser mais criativo na preparação e produção de suas aulas. Elas precisam ir além da exposição de conceitos e definições abstratas para tornarem-se atividades mais dinâmicas, onde o aluno consiga compreender e, se possível, experimentar aquilo que se está aprendendo. Durante o desenvolvimento de aulas, visando apresentar conceitos de habitat, nicho ecológico e adaptações dos seres vivos a alunos do Quarto Ano do Ensino Fundamental, percebi que eles tinham certa dificuldade em compreender estas informações. A solução para este problema veio com a incorporação de atividades, onde eles pudessem pesquisar e colocar em prática as idéias apresentadas. Desta forma eles passaram entender melhor, com mais facilidade e rapidez, os conceitos apresentados. A atividade elaborada foi bem simples: através de uma pesquisa prévia, selecionei sete animais (onça-pintada, pirarucu, libélula, borboleta-olho-de-coruja, jibóia, sapo-ferreiro e tucano-toco) e elaborei um cartaz contendo uma foto grande de cada um deles. Em seguida elaborei também, pelo menos, oito fichas para cada um destes animais. Nestas fichas foram contempladas curiosidades e informações de dois grupos: - informações relacionadas ao habitat e nicho ecológico da espécie, - informações relacionadas as adaptações que aquela espécie possui para viver naquele ambiente. Organizei as informações destas fichas de forma que, cada uma delas, possuísse uma dica do animal a que ela pertencia. Após este processo, embaralhei todas elas e pedi para que, em grupos, os alunos organizassem as fichas, descobrindo a que animais elas pertenciam. Depois montamos cartazes para cada uma das espécies estudadas e expusemos os trabalhos em sala de aula. Meus alunos, como a maioria das crianças, adoram animais. Eles, portanto, ficaram muito curiosos e bastante envolvidos durante toda a atividade, enquanto eu ia utilizando aquele momento para apresentar e ensinar mais sobre “adaptações”, “nicho ecológico” e “habitat”, utilizando aqueles animais como exemplos. As fotos abaixo apresentam alguns momentos desta atividade: Referências Bibliográficas:
PANOFSKY, C. et al. O desenvolvimento do discurso e dos conceitos científicos. In: Moll, L. (Org) Vygotsky e a educação: implicações pedagógicas da psicologia. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. p.245-60. |
Cláudio da Silva
Sou Pedagogo e Biólogo e atualmente trabalho na Escola Brasileira Professor Kawase - Hiro Gakuen (Ogaki - Japão). Archives
February 2015
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