É no espaço escolar que os alunos podem perceber que somos todos diferentes e que estas diferenças não podem pautar desigualdades sociais ou construir relações desiguais (RIBEIRO et. al., 2008). Assim, o currículo escolar precisa trazer a luz discussões que permitam que os alunos entendam que os fatores culturais e religiosos, partilhados por determinados grupos, são importantes na construção da nossa sociedade e nunca impeditivos no desenvolvimento de nossas potencialidades pessoais.
Segundo SACRISTÁN (1995), o currículo escolar precisa ser multicultural e real, na medida em que a aprendizagem depende da interação entre educador-educando, ou entre os próprios educandos e através da forma com que as atividades são desenvolvidas.
A vivência na escola deve valorizar a experiência e o aprendizado, neste contato com a diversidade, e não apenas na assimilação de conteúdos.
Sou monitor da turma do Sexto Ano, onde também sou professor de Ciências e Inglês. Durante algumas das minhas aulas, procuro também trazer outras discussões que, apesar de não terem ligações diretas com os conteúdos que ensino, ajudam a criar e manter um ambiente sadio entre os alunos e, de certa forma, acredito que ajudam muito no seu desenvolvimento. A dinâmica a seguir é sempre realizada na primeira semana de aula e vou contar um pouco de como ela é desenvolvida.
Objetivos:
Discutir o tema diversidade, dentro da sala de aula, e a construção do respeito pelas diferenças.
Desenvolvimento: Metodologia
Este projeto foi desenvolvido com um grupo de 21 alunos, do Sexto Ano do ensino Fundamental, da Escola Brasileira Professor Kawase – Hirogakuen, localizada na cidade de Ogaki, Província de Gifu no Japão.
No início desta atividade, com os alunos dispostos em círculo no chão da sala de aula, primeiro foi solicitado que eles fizessem um pequena apresentação oral dizendo o nome e suas expectativas, em relação a turma, durante o ano letivo de 2012.
Assim, cada aluno foi pontuando seus anseios, num momento bem divertido onde, entre outras coisas, eles se soltaram e ficaram mais relaxados, permitindo que passássemos para o momento seguinte onde assistimos um vídeo, que havia sido elaborado em 2010, com a turma anterior e que discute a pergunta “PORQUE AS PESSOAS SÃO DIFERENTES” (veja o vídeo abaixo).
Após este momento, foi sugerido que, de posse destas características, que eles escrevessem uma carta para aquele colega. Esta carta poderia ser enfeitada, colorida e, posteriormente, seria entregue e lida.
Durante uma semana, os alunos foram desenvolvendo esta carta em casa e trazendo seus rascunhos para que fossem corrigidos, além de receberem orientações e sugestões para a formatação.
Eu também dei meu depoimento de quando eu tinha a idade deles e estava na escola e sobre situações que havia vivenciado e que não eram positivas.
No dia da entrega das cartas, todos estavam curiosos para saber o que iriam receber e o que os amigos haviam escrito sobre eles. Foi muito legal observar a agitação deles, parecia que iriam ganhar presentes, como num amigo secreto.
Foi um momento emocionante, principalmente pelos relatos que eles colocaram em suas cartas. Os que recebiam o presente, ficavam espantados com o que o colega havia escrito sobre ele, sobre como ele o via, sobre as suas qualidades, além do cuidado com que haviam embalado e decorado a carta.
Após este momento, fizemos novamente a roda para darmos encerramento a dinâmica onde eles puderam, novamente, de forma livre comentar sobre a atividade.
Todos gostaram muito e alguns disseram que ficaram contentes em poder conhecer mais colegas da sala com quem não tinham tanto contato.
Referências Bibliográficas:
SACRISTÁN, G. J. Currículo e Diversidade Cultural. In: MOREIRA, A. F. e SILVA, T.T. (Orgs). Territórios Contestados: O Currículo e os Novos Mapas Políticos e Culturais. Petrópolis: Vozes, 1995.
RIBEIRO, A.S. T.; SOUZA, B. O.; SOUZA, E. P. História e Cultura Afro-brasileira e Africana na Escola. Brasília: Ágere Cooperação em Advocacy, 2008.