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Ultrapassando Fronteiras: Projetos Educativos na Papua Nova Guiné

7/5/2014

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PictureMadina Primary School - Papua Nova Guiné
Durante o mês de junho, tive a oportunidade de conhecer a Província de Nova Irlanda, na Papua Nova Guiné. Durante minha visita a este belíssimo país, estive em contato com uma escola localizada em uma comunidade indígena, num vilarejo chamado Madina, onde apresentei aos professores um pouco da minha experiência como educador no Japão e também tive contato com os alunos. Esta escola, a Madina Primary School, participa do projeto “Pen Pal”, onde seus alunos se correspondem com os alunos da Escola Hirogakuen no Japão desde 2011. Neste post e em outros que virão, vou contar um pouco desta incrível experiência.

A Papua Nova Guiné sempre atraiu a atenção de diversos especialistas e pesquisadores, interessados na diversidade linguistica das diversas ilhas que compõe o país. Em toda Papua,  podem ser encontrada mais de 850 línguas diferentes, muitas das quais estão hoje quase extintas, pois muitas famílias vem lentamente, a cada geração, formando um número menor de pessoas capazes de falar a língua de seus antepassados, dentro de suas próprias comunidades. Nenhum país no mundo possui tanta diversidade linguística e, como motivo de comparação, podemos citar a Indonésia que, apesar de ocupar o segundo lugar, possui cerca de 300 línguas diferentes, ou seja, menos da metade da Papua Nova Guiné. Apesar de tantas línguas, o Inglês é a lingua oficial ensinada nas escolas e utilizado como meio de comunicação formal em todo país.
Foi através de um destes especialistas em línguas, o Professor Dr. Craig Alan Volker, que foi possível,  a quatro anos atras, iniciar um projeto de intercâmbio entre a Escola Brasileira Professor Kawase - Hirogakuen, no Japão, e a Madina Primary School da Papua Nova Guiné.
O Dr. Volker, atual Professor de Pesquisas Lingüísticas da Divine Word University na Papua Nova Guiné, na época, trabalhava na Gifu Shotoku Gakuen University, no Japão, e mantinha contato com o vilarejo indígena de Madina, localizado na Província de Nova Irlanda. Foi neste mesmo vilarejo que, há 20 anos atrás, ele descreveu e documentou a “Nalik”, uma língua indígena falada por uma comunidade de mesmo nome, que hoje está representada por aproximadamente 4.000 pessoas nesta região.

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Vista de alguns dos prédios da Madina Primary School
Como após a pesquisa, o Prof. Volker continuou a desenvolver diversos projetos relacionados a língua Nalik, ele ajudou no estabelecimento do intercâmbio entre estas duas escolas o que resultou no Projeto “Pen Pal”, onde os alunos destas duas instituições passaram a trocar correspondências.
O Projeto “Pen Pal” tem como um de seus principais objetivos, incentivar e desenvolver o interesse dos alunos pelo estudo da língua inglesa, além de possibilitar a partilha de elementos dos locais onde vivem, promovendo um intercâmbio cultural entre seus participantes. Maiores detalhes sobre este projeto, podem ser acessados em “Projeto Pen Pal”.
A Madina Primary School é uma escola pequena, que atende cerca de 156 crianças e adolescentes, onde a grande maioria (cerca de 95%) pertencem a comunidade indígena Nalik. As séries encontram-se divididas entre o Terceiro Ano ao Oitavo Ano que, no sistema brasileiro, corresponderia as mesmas séries, porém, no sistema da Papua Nova Guiné, o Ensino Médio possui quatro séries, começando no Nono Ano e terminando no Décimo Segundo Ano.
As crianças em séries inferiores ao Terceiro Ano, são atendidas em outra unidade escolar: a Madina Elementary School e os alunos que concluem o Oitavo ano podem escolher uma das diversas escolas do Ensino Médio, para continuarem seus estudos.

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Bandeira da Provincia de Nova Irlanda, na Madina Primary School.
A princípio, o ambiente e o comportamento dos alunos, lembram ao de uma escola rural no Brasil. As construções são bem simples, todas em madeira, e o ambiente é representado, principalmente, por uma exuberante floresta, que se estende por todos os arredores da escola.
Aos poucos, porém, vamos percebendo grandes diferenças…
Algo que chama a atenção, de imediato, é que cada aluno carrega para a escola um longo “facão”. É possível ver crianças do Quarto Ano, carregando longos facões para a escola, pois elas precisam desenvolver determinadas tarefas, onde esta ferramenta é requisitada como: aparar a grama, retirar ervas daninhas dos canteiros, ou mesmo, cortar um coco para ser consumido como lanche, na hora do recreio.
A princípio, chega a ser assustador ver crianças portando algo tão perigoso mas, aos poucos,  vamos nos acostumando com esta cena estranha, ao perceber que todos manuseiam seus facões com bastante cuidado e responsabilidade. Quando contei a diretora sobre o meu espanto e indaguei se ela e os professores não temiam que os alunos viessem a se ferir, ela apenas riu. Para estes pequenos e seus professores, carregar um facão é algo tão normal quanto trazer caneta e caderno para a escola.


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Crianças indo para a escola com seus "facões"
No currículo desta escola, existe uma disciplina chamada “Making a Living”, onde os alunos aprendem sobre tarefas comuns em suas comunidades como: o desenvolvimento de agricultura de subsistência, além de aspectos relacionados a pesca e exploração de outros recursos naturais da região. Como atividade prática, neste semestre, os alunos estão cultivando melancias, das quais fomos presenteados com um exemplar, pelos alunos do Sexto Ano.
Durante o período em que tive a oportunidade de visitar a escola, pude conversar com os alunos e desenvolver algumas atividades. Assim, eu ensinei o Terceiro Ano a confeccionarem alguns Origamis (dobraduras em papel) e apresentei aos alunos do Quarto Ano alguns animais brasileiros e os ensinei a cantarem e brincarem de Escravos-de-Jó. Esta última atividade foi tão bem aceita que, dias após minha visita os alunos ainda lembravam a música e continuavam a brincar com seus colegas.

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Aula de Origami com alunos do Terceiro Ano - Madina Primary School
Segundo o Professor Volker, como estas crianças nasceram em um ambiente onde, falar diversas línguas é algo natural, elas acabam não tendo dificuldades em aprenderem novas palavras, quando estas lhe são apresentadas.
Assim, aprender esta canção folclórica brasileira foi extremamente divertido para estes pequenos e também a seus professores que, anotavam tudo que eu ia explicando, e tentavam pronunciar as palavras juntamente com os alunos.
No próximo post irei contar um pouco mais sobre minha experiência na Madina Primary School, focando nas atividades do Workshop que desenvolvi com os professores desta unidade, durante o período de 23 a 27 de junho. Veja abaixo, mais fotos sobre esta experiência pela Papua nova Guiné.

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    Cláudio da Silva

    Sou Pedagogo e Biólogo e atualmente trabalho na Escola Brasileira Professor Kawase - Hiro Gakuen (Ogaki - Japão).

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