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Curso: Projetos Educativos na Papua Nova Guiné

8/18/2014

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PictureDinâmica desenvolvida durante o curso sobre Projetos Educativos.
Durante cinco dias, pude conhecer uma escola na Papua Nova Guiné, desenvolvendo um pequeno curso sobre Projetos Educativos Interdisciplinares para seus professores, baseado na minha experiência como educador. Neste "segundo" post, apresento um pouco mais sobre a cultura deste enigmático país, além de contar como foi meu contato com a Madina Primary School na Província de Nova Irlanda.

Organizar um curso para os professores da Madina Primary School, na Papua Nova Guiné, foi um pouco complicado, pois a realidade das escolas deste país são completamente diferentes de qualquer ambiente que eu já havia conhecido.
Apesar das longas conversas com o Professor Volker (linguista que vem trabalhando com a comunidade indígena da região desta escola, há mais de 20 anos), além do contato com alguns Papuas, que acabei conhecendo durante minha estadia no Japão, me preocupava qual conteúdo poderia ser abordado neste curso.
Além da precariedade de muitas escolas, que mal possuem livros didáticos, energia elétrica ou mesmo professores habilitados e devidamente treinados, havia ainda problemas relacionados a língua, o que gostaria de abordar brevemente a seguir.

Exemplo de uma escola na Papua Nova Guiné: Karawara Primary School, nas Ilhas de Duke of York, Província de  East New Britain (Clique para vizualizar as fotos).
Sinalização da escola, próxima a região onde os barcos aportam em Kerawara.
Predios da Escola de Kerawara.
Biblioteca da escola.
Detalhe de atividade de Inglês, na Escola de Kerawara.
A Papua Nova Guiné possui o Inglês como uma de suas três línguas nacionais, as outras duas são o Tok Pisin (lingua crioula, baseada no Inglês, largamente utilizada na comunicação oral em toda Papua) e o Hiri Motu (outra lingua crioula que, apesar de bastante utilizada, vem perdendo espaço para o Tok Pisin). O Inglês é a língua oficial no ensino acadêmico porém, começa a ser ensinado, na maioria das escolas, apenas a partir do Terceiro Ano. Isto acontece devido a diversidade linguistica existente na Papua Nova Guiné (mais de 850 línguas diferentes). Assim, as escolas, juntamente com suas comunidades, escolhem quais línguas serão utilizadas até o Segundo Ano, podendo ser a língua indígena local, o Tok Pisin, o Hiri Motu ou mesmo o Inglês. Na vila Madina, na Província de Nova Irlanda, onde estive, a população utiliza o “Nalik” como lingua local. Assim, todo o ensino na Madina Elementary School, escola responsável pelas séries iniciais até o Terceiro Ano, é desenvolvido de forma bilíngue, utilizando o Nalik e o Inglês.
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Alunos da Madina Primary School - Vila Madina, Provincia de Nova Irlanda.
Um dos problemas enfrentados por muitas escolas nos dias de hoje, são as recentes mudanças nos hábitos culturais, em diversas tribos, que tem acarretado grandes conseqüências as línguas locais. Muitas comunidades não tem mais ensinado sua lingua nativa a seus filhos, que acabam aprendendo a falar apenas o Tok Pisin, já que o Inglês é raramente utilizado em conversas informais. Na escola, no entanto, são obrigadas a aprender a lingua local para, após o Terceiro Ano, mudarem para o Inglês. Segundo muitos especialistas este novo comportamento tem acarretado em dificuldades de aprendizado. 
Através desta análise, podemos dizer que, apesar do Inglês ser uma lingua oficial na Papua Nova Guiné ela é aprendida e utilizada, na maioria das vezes, como uma língua estrangeira. Nas ruas é muito difícil ver pessoas conversando em Inglês e muitos não conseguem falar ou compreender a língua.
Desta forma, a princípio, minha proposta de atividade na Papua Nova Guiné, seria de um breve contato com os professores e a direção da escola, visando partilhar os resultados dos quatro anos do desenvolvimento do “Projeto Pen Pal”, onde os alunos da Escola Brasileira Hirogakuen, no Japão, se correspondem, em inglês, com alunos da Madina Primary School na Nova Guiné.

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Material enviado pelos alunos da Hirogakuen (no Japão), em 2012. A escola Madina Primary School, mantém este mural até hoje.
Eu queria apresentar aos professores, a forma como eu havia organizado as etapas deste projeto e estava utilizando a troca de correspondências entre os alunos, como estratégia para melhorar o aprendizado de elementos referentes a gramática da lingua inglesa; apresentar novas palavras para incrementar o vocabulário dos alunos; incentivá-los a escrever pequenos parágrafos em inglês, além de expandir o tema para outras áreas do conhecimento como: Geografia, História e Ciências.
Eu queria discutir estes elementos pois, analisando as cartas dos alunos da Madina Primary School, quando estas chegavam até meus alunos no Japão, percebi que os professores não estavam participando de todo o processo. A atividade não estava sendo conduzida como um propósito de aprendizagem, mas sim como uma atividade recreativa, totalmente desvinculada das aulas, ou seja, os professores estavam apenas pedindo aos alunos para redigirem uma carta.
Esta minha suspeita foi embasada através de algumas observações como: muitas cartas não seguiam um padrão para este formato de texto; presença de muitos erros gramaticais simples, além de palavras provenientes da língua Tok Pisin. Todos estes elementos demonstravam que as cartas não haviam recebido revisão e estavam sendo encaminhadas da forma como estavam sendo produzidas pelas crianças.
Claro que, quando propusemos a Madina Primary School este intercâmbio, não consideramos nenhuma metodologia a ser seguida, apenas a possibilidade dos alunos se comunicarem por correspondência.
Assim, considerei que o Curso a ser apresentado ao corpo técnico da escola Madina Primary School, poderia abordar o tema “Projetos Interdisciplinares”, procurando através da discussão dos resultados do Projeto Pen Pal, demonstrar como elaborar, desenvolver e avaliar este tipo de atividade dentro do ambiente escolar. 

Dois momentos na Papua Nova Guiné (clique para visualizar as fotos)

Alunos do Quarto Ano da madina Primary School, lendo as cartas recebidas em 2014.
Aluna do Sétimo Ano escrevendo sua carta para o Japão.
A programação,  dividida em cinco dias (23 a 27 de junho), incluiu também o meu contato com os alunos, juntamente com seus professores, onde conversei sobre a escola Hirogakuen e entreguei as novas cartas vindas do Japão; apresentei alguns aspectos da cultura brasileira e ensinei alguns jogos e brincadeiras (veja maiores detalhes no post: Ultrapassando Fronteiras: Projetos Educativos na Papua Nova Guiné).
Durante os encontros discutimos estratégias de como instigar a curiosidade dos alunos e organizar atividades considerando diversas áreas do conhecimento. Como exemplo de projetos educativos, apresentei aos professores algumas atividades que havia previamente desenvolvido com meus alunos da Hirogakuen. Mostrei livros produzidos pelos alunos, alguns vídeos, além de atividades mais simples como Origamis e máscaras com papeis coloridos.
Como proposta final, sugeri que a escola elaborasse um pequeno projeto para o Terceiro e Quarto Ano, focando na aquisição de habilidades na escrita em inglês, juntamente com conteúdos de outras disciplinas. 

Conversando com os professores, ficou definido que o projeto seria de um pequeno livro, narrando algum assunto do interesse dos próprios alunos. O livro seria escrito e ilustrado coletivamente, utilizando frases e parágrafos simples, os quais posteriormente receberiam revisões e sugestões dos professores.
Como forma de despertar o interesse dos alunos pelo projeto, foi definido que a produção seria enviada, como presente, aos alunos da Escola Hirogakuen no Japão.
Como a escola carece de equipamentos para produção dos textos (computadores e impressoras), o livro será totalmente manuscrito; uma alternativa encontrada pelos professores para reproduzir o Projeto “Livro coletivo", que mostrei durante nossos encontros.


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Professoras analisando as produções, elaboradas pelos alunos da Hirogakuen.
Na minha avaliação, este breve encontro foi muito produtivo. Apesar das diferenças culturais entre os Papua-nova-guineses e nós brasileiros a comunicação, durante as atividades, foi bastante tranquila e todos participaram das dinâmicas e atividades sugeridas.
Segundo a Diretora da Madina Primary School, Professora Elsie Rakum,  foi uma grande oportunidade para sua escola que, localizada em uma área tão remota, pode conhecer um pouco mais sobre trabalhos educativos desenvolvidos em outro país como o Japão. A Coordenadora da Madina Primary School, Professora Kombeng, acrescentou ainda que, o curso ajudou-os a compreender como os professores poderiam construir atividades mais interativas, além de aproveitar mais do projeto Pen Pal para reforçar o aprendizado do Inglês, principalmente entre os alunos do Terceiro e Quarto Ano.
Gostaria de acrescentar ainda que, fui muito bem recebido no vilarejo indígena Madina, durante as três semanas em que permaneci na Papua Nova Guiné. O povo deste país é muito simpático e acolhedor.

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Foto de encerramento do curso, com os professores da Madina Primary School
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Ultrapassando Fronteiras: Projetos Educativos na Papua Nova Guiné

7/5/2014

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PictureMadina Primary School - Papua Nova Guiné
Durante o mês de junho, tive a oportunidade de conhecer a Província de Nova Irlanda, na Papua Nova Guiné. Durante minha visita a este belíssimo país, estive em contato com uma escola localizada em uma comunidade indígena, num vilarejo chamado Madina, onde apresentei aos professores um pouco da minha experiência como educador no Japão e também tive contato com os alunos. Esta escola, a Madina Primary School, participa do projeto “Pen Pal”, onde seus alunos se correspondem com os alunos da Escola Hirogakuen no Japão desde 2011. Neste post e em outros que virão, vou contar um pouco desta incrível experiência.

A Papua Nova Guiné sempre atraiu a atenção de diversos especialistas e pesquisadores, interessados na diversidade linguistica das diversas ilhas que compõe o país. Em toda Papua,  podem ser encontrada mais de 850 línguas diferentes, muitas das quais estão hoje quase extintas, pois muitas famílias vem lentamente, a cada geração, formando um número menor de pessoas capazes de falar a língua de seus antepassados, dentro de suas próprias comunidades. Nenhum país no mundo possui tanta diversidade linguística e, como motivo de comparação, podemos citar a Indonésia que, apesar de ocupar o segundo lugar, possui cerca de 300 línguas diferentes, ou seja, menos da metade da Papua Nova Guiné. Apesar de tantas línguas, o Inglês é a lingua oficial ensinada nas escolas e utilizado como meio de comunicação formal em todo país.
Foi através de um destes especialistas em línguas, o Professor Dr. Craig Alan Volker, que foi possível,  a quatro anos atras, iniciar um projeto de intercâmbio entre a Escola Brasileira Professor Kawase - Hirogakuen, no Japão, e a Madina Primary School da Papua Nova Guiné.
O Dr. Volker, atual Professor de Pesquisas Lingüísticas da Divine Word University na Papua Nova Guiné, na época, trabalhava na Gifu Shotoku Gakuen University, no Japão, e mantinha contato com o vilarejo indígena de Madina, localizado na Província de Nova Irlanda. Foi neste mesmo vilarejo que, há 20 anos atrás, ele descreveu e documentou a “Nalik”, uma língua indígena falada por uma comunidade de mesmo nome, que hoje está representada por aproximadamente 4.000 pessoas nesta região.

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Vista de alguns dos prédios da Madina Primary School
Como após a pesquisa, o Prof. Volker continuou a desenvolver diversos projetos relacionados a língua Nalik, ele ajudou no estabelecimento do intercâmbio entre estas duas escolas o que resultou no Projeto “Pen Pal”, onde os alunos destas duas instituições passaram a trocar correspondências.
O Projeto “Pen Pal” tem como um de seus principais objetivos, incentivar e desenvolver o interesse dos alunos pelo estudo da língua inglesa, além de possibilitar a partilha de elementos dos locais onde vivem, promovendo um intercâmbio cultural entre seus participantes. Maiores detalhes sobre este projeto, podem ser acessados em “Projeto Pen Pal”.
A Madina Primary School é uma escola pequena, que atende cerca de 156 crianças e adolescentes, onde a grande maioria (cerca de 95%) pertencem a comunidade indígena Nalik. As séries encontram-se divididas entre o Terceiro Ano ao Oitavo Ano que, no sistema brasileiro, corresponderia as mesmas séries, porém, no sistema da Papua Nova Guiné, o Ensino Médio possui quatro séries, começando no Nono Ano e terminando no Décimo Segundo Ano.
As crianças em séries inferiores ao Terceiro Ano, são atendidas em outra unidade escolar: a Madina Elementary School e os alunos que concluem o Oitavo ano podem escolher uma das diversas escolas do Ensino Médio, para continuarem seus estudos.

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Bandeira da Provincia de Nova Irlanda, na Madina Primary School.
A princípio, o ambiente e o comportamento dos alunos, lembram ao de uma escola rural no Brasil. As construções são bem simples, todas em madeira, e o ambiente é representado, principalmente, por uma exuberante floresta, que se estende por todos os arredores da escola.
Aos poucos, porém, vamos percebendo grandes diferenças…
Algo que chama a atenção, de imediato, é que cada aluno carrega para a escola um longo “facão”. É possível ver crianças do Quarto Ano, carregando longos facões para a escola, pois elas precisam desenvolver determinadas tarefas, onde esta ferramenta é requisitada como: aparar a grama, retirar ervas daninhas dos canteiros, ou mesmo, cortar um coco para ser consumido como lanche, na hora do recreio.
A princípio, chega a ser assustador ver crianças portando algo tão perigoso mas, aos poucos,  vamos nos acostumando com esta cena estranha, ao perceber que todos manuseiam seus facões com bastante cuidado e responsabilidade. Quando contei a diretora sobre o meu espanto e indaguei se ela e os professores não temiam que os alunos viessem a se ferir, ela apenas riu. Para estes pequenos e seus professores, carregar um facão é algo tão normal quanto trazer caneta e caderno para a escola.


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Crianças indo para a escola com seus "facões"
No currículo desta escola, existe uma disciplina chamada “Making a Living”, onde os alunos aprendem sobre tarefas comuns em suas comunidades como: o desenvolvimento de agricultura de subsistência, além de aspectos relacionados a pesca e exploração de outros recursos naturais da região. Como atividade prática, neste semestre, os alunos estão cultivando melancias, das quais fomos presenteados com um exemplar, pelos alunos do Sexto Ano.
Durante o período em que tive a oportunidade de visitar a escola, pude conversar com os alunos e desenvolver algumas atividades. Assim, eu ensinei o Terceiro Ano a confeccionarem alguns Origamis (dobraduras em papel) e apresentei aos alunos do Quarto Ano alguns animais brasileiros e os ensinei a cantarem e brincarem de Escravos-de-Jó. Esta última atividade foi tão bem aceita que, dias após minha visita os alunos ainda lembravam a música e continuavam a brincar com seus colegas.

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Aula de Origami com alunos do Terceiro Ano - Madina Primary School
Segundo o Professor Volker, como estas crianças nasceram em um ambiente onde, falar diversas línguas é algo natural, elas acabam não tendo dificuldades em aprenderem novas palavras, quando estas lhe são apresentadas.
Assim, aprender esta canção folclórica brasileira foi extremamente divertido para estes pequenos e também a seus professores que, anotavam tudo que eu ia explicando, e tentavam pronunciar as palavras juntamente com os alunos.
No próximo post irei contar um pouco mais sobre minha experiência na Madina Primary School, focando nas atividades do Workshop que desenvolvi com os professores desta unidade, durante o período de 23 a 27 de junho. Veja abaixo, mais fotos sobre esta experiência pela Papua nova Guiné.

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Os Incríveis Macacos-da-neve

5/16/2014

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Conheça um grupo de macacos,  que gosta de tomar banhos de água quente, para se aquecer durante o inverno japonês.
Este vídeo, elaborado com alunos do Quinto e Sexto Ano, mostra esta e outras curiosidades destes incríveis animais.



Este vídeo, sobre o macaco-da-neve, também conhecido como macaco-japonês (Macaca fuscata), foi elaborado com a colaboração dos alunos do Quinto e Sexto Ano da Escola Brasileira Professor Kawase - Hirogakuen.
A idéia surgiu após uma aula onde os alunos assistiram vídeos e viram fotos do Parque Jigokudani, localizado na cidade de Yamanouchi, Província de Nagano, onde existe um grupo especial destes macacos.
O macaco-japonês é bem conhecido pela sua habilidade de descobrir coisas novas e ensinar ao seu grupo, perpetuando este aprendizado por gerações. Assim existem hoje, no Japão, grupos destes macacos com comportamentos bem diferentes entre si, entre os quais o grupo de Jigokudani que aprendeu a tomar banhos em águas termais para se proteger do frio intenso do rigoroso inverno desta região.
Os alunos do Sexto Ano conduziram uma pesquisa na internet, buscando informações sobre este primata. Esta pequisa foi posteriormente formatada como um roteiro, para ser transformado num vídeo documentário do macaco-da-neve.
Os alunos do Quinto Ano também quiseram participar e auxiliaram participando das gravações do texto elaborado pelo Sexto Ano e trazendo diversas sugestões para o vídeo.
A professora de Japonês da Hirogakuen, colaborou muito para desenvolvimento do interesse dos alunos pelas pesquisas, trazendo um documentário, em japonês, sobre um grupo de macacos que habitam o Norte do Japão. O estudo detalhado sobre o clima, localização geográfica de onde estes animais vivem, além e aspectos culturais dos macacos dentro da cultura japonesa, tornou este projeto interdisciplinar e participativo.
Confira no link abaixo a história dos Incríveis Macacos-da-neve, contada pelos alunos do Quinto e Sexto Ano da Escola Hirogakuen.
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As Pintas do Jaguaretê: Projeto Felinos Selvagens

4/28/2014

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Neste post você poderá conferir um Projeto Educativo de Ciências sobre a Onça-pintada e a Suçuarana. 
O projeto intitulado "As Pintas do Jaguaretê", foi desenvolvido com alunos do Terceiro e Sexto Ano da Escola Brasileira Prof. Kawase - Hirogakuen.


Durante o período de três meses, alunos do Terceiro e do Sexto Ano do Ensino Fundamental,  da Escola Brasileira Prof. Kawase - Hirogakuen (Província de Gifu, Ogaki-Japão), estiveram pesquisando e aprendendo sobre aspectos relacionados a biologia e ecologia dos felinos selvagens, especialmente sobre a Onça-pintada e a Suçuarana.
O projeto intitulado “As Pintas do Jaguaretê”,  teve como principal objetivo apresentar a estes brasileirinhos, que residem no Japão, informações sobre a fauna brasileira, através de atividades que possibilitassem a exploração de habilidades relacionadas a outras disciplinas.
Também visou contribuir para a exploração do meio onde estes alunos vivem no Japão, apresentando a eles ações simples como: andar de trem público comprando a própria passagem e visitar o centro movimentado de uma cidade grande como Nagoya; atividades estas com as quais eles não estavam habituados e/ou mesmo nunca tiveram a oportunidade de experimentar.
Este projeto também buscou ultrapassar as dimensões do material didatico de Ciências, explorando outros recursos e linguagens, apresentando a estes alunos conceitos relacionados a classificação, hábitos e reprodução dos animais; conteúdos estes presentes nas apostilas dos Primeiro e Segundo Bimestre do Terceiro Ano.
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Todas as atividades propostas ao longo do projeto, foram programadas para auxiliar no desenvolvimento de um produto final: a produção de um vídeo, cujo roteiro seria elaborado pelos próprios alunos. Entre estas atividades podemos citar:
- Projeção de filmes e apresentação de slides sobre as espécies de felinos existentes no Brasil. Esta atividade foi divulgada entre os alunos como "CINEANIMAL e, uma vez por semana, eles podiam conferir vídeos curtos abordando alguns aspecto sobre a biologia e a ecologia dos felinos selvagens.
- Pesquisas na FELINOTECA; um espaço organizado dentro da sala de aula onde foram exibidos fotos de diversos felinos brasileiros, além de textos previamente selecionados na internet, que foram impressos e encadernados. Os alunos podiam consultar este material durante seu horário livre e nas aulas de leitura.
- Elaboração de diversas atividades artísticas como produção de máscaras, desenhos, pinturas, colagens, etc.
- Produção de textos coletivos e individuais, que foram utilizados na elaboração do roteiro do vídeo do projeto,
- Realização de um Estudo do Meio, através de uma visita ao Zoológico da cidade de Nagoya (Província de Aichi), visando a observação de felinos selvagens, principalmente o da Onça-pintada.


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Os alunos do Sexto Ano também puderam participar de algumas atividades do projeto e acompanharam, na qualidade de tutores mirins, a turma do Terceiro Ano até o Zoológico de Nagoya. Eles também contribuíram com pesquisas e gravações de alguns trechos para o vídeo.
Os conceitos envolvidos neste projeto, foram também explorados, considerando-se a realidade vivida por estes alunos no Japão. Muitos dos participantes nunca haviam visitado um Zoológico antes e/ou utilizado o sistema ferroviário do Japão.  Assim, optou-se pela utilização dos trens, para o deslocamento dos alunos até o Zoológico, permitindo desta forma a experiência de utilizar este meio de transporte público pela primeira vez.
A observação da interação dos alunos nos momentos presenciais, durante as atividades e dinâmicas, bem como através dos comentários trazidos pelos seus familiares, mostrou que houve um grande envolvimento dos educandos. A FELINOTECA foi muito utilizada pelos alunos e eles simplesmente adoravam os dias selecionados para o CINEANIMAL.
Os resultados obtidos demonstram que, atividades como as desenvolvidas neste projeto, proporcionam uma forma diferente de explorar temas aparentemente distantes da realidade dos alunos, de uma forma mais dinâmica e participativa.
Também notou-se que os conceitos, a partir do momento que eram construídos coletivamente, passavam a serem incorporados e utilizados pelos educandos de forma bem espontânea, o que pode ser claramente observado nas produções textuais contidas no roteiro do vídeo: “As Pintas do Jaguaretê”.
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Projeto Felinos Selvagens

4/18/2014

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Desde fevereiro deste ano, os alunos do Terceiro e Sexto Ano estão participando de um projeto de Ciências sobre animais intitulado: Felinos Selvagens.
Durante as atividades propostas, eles desenvolveram pesquisas, participaram de atividades artísticas, elaborando desenhos e pinturas, além de construírem textos para um pequeno vídeo documentário, o qual recebeu o nome de: As Pintas do Jaguaretê: projeto felinos selvagens.
Neste post você poderá conferir um pequeno trailer deste vídeo, que estará disponível aqui no mês de maio, além de ver diversas imagens de algumas das atividades desenvolvidas neste projeto, onde os alunos exploraram, aprenderam e se divertiram conhecendo mais sobre a natureza e alguns dos mais incríveis animais do Brasil.

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Projeto: Lobo-guará

12/3/2013

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Neste post você poderá conferir um Projeto Educativo de Ciências sobre um animal brasileiro ameaçado de extinção: O Lobo-guará.
O projeto intitulado "Lobo-guará: um lobo brasileiro", foi desenvolvido com alunos do Sexto Ano da Escola Brasileira Prof. Kawase - Hirogakuen e, inicialmente, tinha como objetivo desenvolver uma apresentação para a Feira de Ciências da escola.
Durante a execução das atividades foram surgindo novas ideias, apresentadas pelos alunos, além do envolvimento de muitas pessoas com o projeto, entre elas a do artista Emerson dos Santos, que gentilmente elaborou uma faixa para a exposição na Feira de Ciências, e da Bióloga Dra. Eliana Ferraz, do Zoológico de Campinas
.
A pesquisa foi toda feita na internet, pois os alunos residem no Japão. A Dra. Eliana respondeu um questionário elaborado pelos alunos, esclarecendo dúvidas e fornecendo diversas informações sobre o Lobo-guará.
De posse de tantos resultados interessantes, surgiu uma nova ideia: a de elaborar um vídeo com todo o material desenvolvido para a Feira de Ciências.
Confira, nas imagens capturadas durante as atividades, o que nossos alunos aprenderam sobre o "cachorro vermelho da cauda curta".

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Acampamento Multicultural em Takayama

7/3/2013

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Alunos do Quarto, Quinto e Sexto ano da Escola Brasileira Professor Kawase - Hiro Gakuen (cidade de Ogaki, província de Gifu - Japão), participaram durante três dias de um Acampamento Multicultural juntamente com alunos japoneses.
A atividade, organizada através de contatos com a Universidade Tokai, foi realizada na cidade de Kyiomi, localizada na região de Takayama na província de Gifu. Na ocasião fomos orientados pelo grupo Taikensoko Kakehashi, que organiza acampamentos com escolas, oferecendo atividades pedagógicas e recreativas.


PictureAlunos almoçando no Parque Pasukaru Kyiomi.
Foi uma excelente oportunidade para que meus alunos experimentassem um intercânbio cultural com japoneses da mesma faixa etária deles, além de uma harmoniosa convivência com a natureza.
Desta forma, as crianças puderam experimentar um ambiente totalmente diferente, longe do barulho e agitação do meio urbano do Japão. Entre as atividades desenvolvidas gostaria de destacar:

PictureProntos para dormir!


  • A sensação de dormir em barracas. A maioria relatou que nunca havia tido esta experiência antes e gostaram bastante; 

PictureAlunos com peixes.


  • Participar de uma pescaria, sem varas, coletando os peixes com as “próprias mãos”, os quais ainda forma limpos e preparados por eles para o jantar;

PicturePreparando bolinhos de arroz (Oniguiris).


  • Auxiliar no preparo de todas as refeições, além da limpeza das louças.  

PicturePasseio na floresta.


  • Caminhar por trilhas na floresta do Parque Pasukaru Kyiomi,  observando rastros de animais, plantas exóticas e ouvindo os sons da natureza;

PictureAluno com sua bateia, garimpando no rio Maze.


  • Garimpar ouro no rio. Nesta atividade, munidos de batéias, eles garimparam a areia das margens do rio em busca de minúsculos minérios de ouro existentes na região.

Foi uma experiência incrível para meus alunos, que puderam ter contato direto com a natureza além de aventurar-se por atividades que reforçaram o senso de responsabilidade, liberdade e autonomia.


Confira outras fotografias do Acampamento Multicultural abaixo:
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Oficina: "Vida, Transformação e Descobertas na Água Doce" (Parte I)

1/13/2013

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    A história da região de Kaizu, localizada na província de Gifu no Japão, nos mostra claramente como o homem, através das suas ferramentas tecnológicas, consegue dominar e domesticar o meio em que vive, de acordo com suas necessidades adaptativas.
    A fúria da natureza, no passado, traduzida na forma de grandes inundações anuais, desencadeou no homem de Kaizu um íntimo relacionamento com a água, que acabou moldando sua cultura ao longo do tempo.
    As práticas desenvolvidas e retratadas neste artigo, foram fruto de um plano integrado e interdisciplinar, desenvolvido entre os meses de Maio e Novembro de 2012, para a o estudo destas transformações ocorridas a mais de 100 anos, para o entendimento do ambiente que hoje encontramos naquela região
    Durante este período, os alunos do Terceiro Ano do Primeiro Ciclo, da Escola Brasileira Professor Kawase - Hiro Gakuen, participaram de atividades que contemplaram as áreas de Ciências, História e Geografia, tendo a água como como eixo central.
    Estas prática foram organizadas na forma de três oficinas: "A Vida na Água Doce", "Descobertas na Água Doce" e "Transformações nos Mananciais de Água Doce".
        Neste primeiro artigo será apresentada a primeira oficina "A Vida na Água Doce" que contempla a área de Ciências.


             “A Vida na Água Doce - Estudo dos seres vivos de um riacho”

INTRODUÇÃO: Dentro de corpos d'água naturais, encontramos uma infinidade de seres adaptados a vida aquática, dependentes de um ambiente equilibrado para seus processos ecológicos, que tem influência com o meio terrestre. A compreensão de como funcionam e se organizam estes ambientes, através de atividades práticas, proporcionam um entendimento das interações existentes na natureza e da importância de um meio equilibrado para o próprio homem, além do que, para as crianças, a curiosidade é um incentivo para que investiguem o mundo e esse processo é muito importante durante seu desenvolvimento. A partir da exploração de temas e conceitos sobre os ambientes de água doce, foram desenvolvidas práticas e dinâmicas sobre a fauna aquática do riacho localizado nas imediações da Escola Brasileira Professor Kawase - Hiro Gakuen, estudando a água como recurso indispensável aos seres vivos e os problemas relacionados a sua conservação.

PÚBLICO ALVO: 11 alunos do 2º Ano do Ensino Fundamental da Escola Brasileira Professor Kawase - Hiro Gakuen, localizada no município de Ogaki, província de Gifu - Japão).

OBJETIVOS:
- Discutir o consumo, desperdício e degradação dos recursos hídricos, compreendendo que o uso irresponsável da água pode prejudicar a sobrevivência dos seres vivos;
- Montar aquários de água doce, utilizando estes ecossistemas artificiais, para a compreensão de processos que ocorrem na natureza;
- Desenvolver um estudo do meio, coletando alguns animais aquáticos, para povoar os aquários, observando e investigando seus modo de vida;
- Registrar as atividades vivenciadas através de desenhos e textos coletivos.
Expor os resultados destas práticas durante a Feira de Ciências da Hiro Gakuen.


DESENVOLVIMENTO: Os alunos coletaram, identificaram e durante alguns meses, mantiveram em aquários espécies da fauna aquática do riacho da Escola Hiro Gakuen. Foram coletados peixes, lagostins, caramujos e diversos insetos aquáticos. Nesta fase estudamos também a água como um recurso indispensável aos seres vivos e os problemas relacionados a sua conservação. Durante algumas semanas os alunos observaram os animais, desenvolveram pesquisas sobre a biologia destas espécies e produziram textos coletivos sobre tudo que vivenciaram. Todo este trabalho foi apresentado durante a Feira de Ciências da Escola Hiro Gakuen, onde os alunos explicaram sobre os habitantes do riacho da escola, além da importância da água para os seres vivos. A partir de sugestões dos próprios alunos, os textos coletivos e ilustrações elaborados, foram incorporados no livro “Vida, Transformações e Descobertas na Água Doce - A região de Kaizu no Japão”, visto que, o riacho da escola encontra-se conectado aos rios desta região.

CONSIDERAÇÕES FINAIS: A experimentação, como prática no ensino, é um valioso recurso no ensino/aprendizagem, principalmente quando as atividades são instigantes e desafiadoras, permitindo que a criança possa explorar e descobrir coisas por si só, tornando o ato de aprender interessante, divertido e prazeroso. Os momentos vividos durante a realização desta oficina, onde os alunos exploraram a fauna e a flora dos ambientes de água doce, compreendendo a importância deste recurso natural e indispensável a vida, possibilitou trabalhar dentro de uma concepção mais participativa e interdisciplinar, onde conceitos de Ciências puderam ser compreendidos através da interação direta com o objeto de estudo. O resultado de todo este processo foi uma grande participação destes pequenos investigadores, norteada pelo desencadeamento de uma intensa vontade de conhecer e aprender.
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Oficina "Ciência e Arte: O origami no ensino de geometria"

12/17/2012

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Alunos brasileiros no Japão participam de uma oficina interdisciplinar, aprendendo sobre geometria e a biodiversidade dos ecossistemas brasileiros. Atividade desenvolvida para o Relatório Reflexivo apresentado ao Curso de Licenciatura em Pedagogia - Acordo Brasil/Japão como requisito para conclusão da disciplina Práticas Pedagógicas e Ensino - Estágio II, “Currículo e Organização do Trabalho Pedagógico e Desenvolvimento de Conceitos Matemáticos”.

A Geometria, por trabalhar com as formas e dimensão dos objetos e estar presente, de maneira explícita, na Educação Artística (seja na organização e diagramação de traços e figuras ou na composição de desenhos e pinturas) e na Ciência (na forma e simetria dos elementos da natureza que nos cercam), mostra-se uma área rica para exploração de atividades interdisciplinares. Assim, através de um diálogo entre elementos destas três disciplinas, foram organizadas atividades que proporcionassem situações de aprendizagem, onde a matemática, neste caso a Geometria, estivesse relacionada e interligada a elas.      
No campo das artes escolheu-se o Origami, por tratar-se de uma técnica que utiliza formas geométricas na construção de figuras e objetos, além de ser uma atividade bastante presente no cotidiano das crianças que vivem no Japão. Trata-se de um material barato, de fácil aquisição, com diversos tamanhos, texturas e cores (Figura 1). 
Origami é uma palavra de origem japonesa constituída a partir da união das palavras ori (dobrar) e kami (papel). Segundo KODA (1986), a arte do origami nasceu na China e após quinhentos anos foi levada para o Japão, no começo do século 6, por um monge budista chamado Tonchyo, sacerdote, doutor e físico da Coréia, que trouxe para o Japão, além dessa arte, a pintura e a fabricação de tinta.
Durante a confecção de um Origami, vão surgindo figuras geométricas como triângulos e quadriláteros, além de múltiplas linhas de simetria dentro da mesma figura, que podem ser perfeitamente utilizados para ensinar noções de retas perpendiculares, congruência, classificação de figuras quanto ao número de lados, entre outros.
O estudo da Geometria, no seu sentido mais abrangente, trabalhado através de construções planas e espaciais, com auxílio do Origami, pode portanto fornecer oportunidades de exploração que permitam investigar, descrever e descobrir as propriedades destas construções. Pode também ampliar as possibilidades da percepção e exploração do espaço, pontos estes essenciais na leitura e entendimento do mundo em que vivemos. De acordo com REGO et al (2003, p. 18):


“O Origami pode representar para o processo de ensino/aprendizagem de Matemática um importante recurso metodológico, através do qual, os alunos ampliarão os seus conhecimentos geométricos formais, adquiridos inicialmente de maneira informal por meio da observação do mundo, de objetos e formas que o cercam. Com uma atividade manual que integra, dentre outros campos do conhecimento, Geometria e Arte.”

A geometria, sendo a parte gráfica da matemática, encontra-se na maioria das propostas curriculares das escolas dentro da área de matemática, geralmente como um dos últimos tópicos a serem ensinados. Quando é vista na escola, poucos são os professores que dão ao seu ensino uma abordagem gráfica, trazendo o desenho à tona; poucos são os que evidenciam seu aspecto lúdico. A geometria, no ensino fundamental, muitas vezes fica sendo mais uma abordagem teórica, bastante algebrizada, e assim prossegue pelo ensino médio que da mesma forma reproduz o modelo teórico, até ser evidenciada pelos programas dos vestibulares das universidades.     
Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática para o Ensino Fundamental – PCN (BRASIL, 1998) apontam que a construção do pensamento geométrico deve ocorrer ao longo da Educação Básica e que a geometria não deve ser vista como um elemento separado da Matemática, mas sim, uma parte que ajuda a estruturar o pensamento matemático e o raciocínio dedutivo, devendo permitir ao aluno examinar, estabelecer relações e compreender o espaço tridimensional onde vivemos.

Objetivos: Esta oficina foi desenvolvida com alunos do Terceiro Ano do Ensino Fundamental I, na faixa etária de 7 a 10 anos. A partir da exploração de temas e conceitos de ecologia (Ecossistemas Brasileiros), realizou-se atividades práticas com origamis, como ferramentas no ensino e aprendizado de conteúdos de matemática na área de geometria visando.
  • Assistir uma apresentação em Power Point com imagens dos Ecossistemas Brasileiros a fim de conhecer a diversidade de ambientes e seres vivos existentes no Brasil;
  • Visualizar mapas da vegetação do Brasil, analisando a área ocupada pelos principais biomas no país e localizando as regiões onde estes estão distribuídos;      
  • Elaborar figuras Geométricas Planas, confeccionadas com Origami e com estas, construir um caderno ilustrado de Geometria;       
  • Aprender os nomes das principais figuras geométricas planas, identificando-as de acordo com suas principais características durante o desenvolvimento e confecção de Origamis;
  • Elaborar figuras de animais brasileiros, utilizando-se a técnica do Origami com papéis coloridos;
  • Produzir um mapa da vegetação do Brasil, coletivo, que apresente e represente os conceitos e informações discutidos e utiliza-lo como fundo para a apresentação e exposição dos Origamis confeccionados pelos alunos.         

Desenvolvimento: A ofincina foi desenvolvida durante o período de quatro semanas, durante o mês de janeiro de 2012, com um grupo de 11 alunos do Terceiro Ano do Ensino Fundamental I da Escola Brasileira Professor Kawase – Hiro Gakuen (Cidade de Ogaki, Província de Gifu, Japão).
Para melhor organização e execução da Oficina “Ciência e Arte: O Origami no Ensino de Geometria”, foram consideradas Cinco etapas:


Etapa 1. Apresentação da Oficina: Nesta atividade introdutória, os alunos tiveram a oportunidade de assistirem ao vídeo Nature by Numbers (VILA, 2010), que apresenta diversas propriedades matemáticas na natureza, entre elas a geometria. Foi solicitado a eles que prestassem bastante atenção nas imagens (vídeo disponível abaixo).    
Após estas observações, foi então explicado sobre o que iria ser trabalhado na oficina “Ciência e Arte”, e quais atividades seriam desenvolvidas.  A geometria e sua presença ao nosso redor, foi apresentada de forma livre, com a exploração e observação de objetos presentes no ambiente da sala de aula. Os alunos também conheceram a história do origami, aprendendo um pouco sobre sua origem.

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Figura 1. Mapa-Poster da Biodiversidade (Revista Terra)
Etapa 2. Ecossistemas Brasileiros: Os principais Biomas brasileiros (Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal, Litoral e Região Costeira e Campos), foram apresentados de forma simples, visando o entendimento de suas dimensões e distribuição pelo território brasileiro, além de informações gerais sobre suas principais características fisionômicas e exemplos de seres vivos encontrados neles. Nesta atividade utilizou-se um mapa da vegetação brasileira, além do suplemento Mapa-Poster da Biodiversidade (REVISTA TERRA), como forma de concretizar os conceitos explorados, visto que nesta série, nas disciplinas de Geografia e História, os alunos já tem contato com o território brasileiro (Figura 1 e 2). Esta atividade também foi uma oportunidade de apresentar aspectos da terra natal  àqueles alunos, que apesar de possuírem a nacionalidade brasileira, pouco contato tiveram com o seu país de origem ou mesmo para aqueles onde o Brasil parece ser apenas uma idéia distante, a terra de seus pais pois nasceram no Japão e nunca deixaram o país. Nesta etapa, além dos mapas, foi também utilizado uma apresentação com imagens dos Biomas brasileiros e os principais seres vivos que os habitam, organizadas em Power Point.

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Figura 2. Alunos explorando o Mapa-poster da Biodiversidade
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Figura 3. Figuras geometricas trabalhadas com os alunos
Etapa 3. Formas na Natureza: A partir das imagens vizualizadas na etapa anterior, procurou-se estimular nos alunos, num exercício de imaginação, a observação e identificação de formas geométricas na natureza e no ambiente ao seu redor. Assim a criança pode observar a importância da geometria presente nos elementos da natureza e na criação do homem.  
Neste exercício foram apresentados as principais formas geométricas planas, seus elementos e conceitualização.
Com uso de origamis coloridos, os alunos foram orientados a confeccionar figuras geométricas e durante esta atividade, foram discutidos conceitos de reta, lado, ponto, etc.
Cada aluno, posteriormente, recebeu um caderno previamente preparado, para colarem estas figuras, classificando-as quanto ao número de lados (Figura 3 e 4).    
As dobras destes origamis eram também os primeiros passos para a confecção das figuras de animais que seriam explorados na etapa seguinte. Assim, elaborando as figuras geométricas eles estavam, ao mesmo tempo, treinando para elaborarem as complicadas dobraduras de animais silvestres.


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Figura 4. Alunos confeccionando origami de figuras geométricas
Etapa 4. A Geometria do Origami: Através da construção de figuras com origami, pretendeu-se consolidar os conhecimentos apresentados nas etapas anteriores fazendo uma conexão com os biomas brasileiros.
Num primeiro momento foram construídas apenas figuras geométricas simples, refazendo o percurso da etapa anterior, os quais eram a base para o desenvolvimento de nove origamis previstos para a oficina: Boto-cor-de-rosa, Arara-vermelha, Lobo-guará, tucano-toco, Tartaruga verde, onça-pintada, Baleia-jubarte, Arara-azul e Ema (Figura 5).
Durante a elaboração das dobraduras, recorreu-se aos elementos presentes nas figuras geométricas já apresentadas, visto que, durante esta atividade, vão aparecendo retas (nas dobras), bem como as figuras vão se alternando o que permite com que o aluno relacione e entenda os conceitos de forma prática e concreta. Esse trabalho favoreceu a observação e construção de formas, possibilitando ao aluno reconhecer as semelhanças entre elas, podendo assim compor e decompor figuras, percebendo algumas simetrias como características das figuras.  
Como forma de estímulo a curiosidade e interação, foram inseridos durante esta prática, informações sobre o modo de vida dos seres vivos construídos,  e a identificação de suas principais adaptações aos ecossistemas onde vivem.
Quanto aos conteúdos de matemática, explorados com a construção das figuras geométricas, os alunos conseguiram compreender os conceitos envolvidos na construção das figuras planas, pois conseguiram vivenciar a teoria de forma concreta. Conforme as figuras iam sendo construídas, elas eram conceituadas e classificadas. Como muitas delas se repetiam ao longo do processo, os próprios alunos passaram a nomear cada passo com as respectivas formas que surgiam. Assim era mostrado como deveria ser dobrado e alguém dizia “é para fazer um triângulo professor?” ou “Agora virou um pentágono né?”; “Como é mesmo o nome desta?”
Colocar a criança em contato com novas experiências como a arte, eventos culturais ou jogos, estimula sua imaginação e originalidade levando-as a explorações e reflexões (KOHL & GAINER, 1995).

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Figura 5. Alguns dos origamis de animais confeccionados pelos alunos.
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Figura 6. Elaborando o Mapa dos Ecossistemas Brasileiros
Etapa 5. Mapa coletivo das formações vegetais do Brasil: Nesta última etapa, um quebra cabeça do mapa da vegetação do Brasil,  com dimensões de aproximadamente 1,0m X 70cm, dividido em folhas tamanho A3, foi recortado e montado coletivamente com os alunos. O domínio das vegetações, nele presente, foi delimitado com cartolinas coloridas (Figura 6).
Após a construção do mapa, foram elaboradas legendas dos ambientes, e dos origamis dos seres vivos, estas últimas escritas pelos próprios alunos. Os origamis e fotos dos ecossistemas representados foram afixados ao mapa e o trabalho, posteriormente exposto no mural da escola (Figura 7).



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Figura 7. Finalizando o Mapa dos Ecossistemas Brasileiros
Conclusão:
Durante o desenvolvimento desta prática, verificou-se a participação e motivação intensa dos alunos, que aprenderam sobre os ecossistemas brasileiros e alguns animais que neles habitam, através de atividades artísticas com origami explorados sob a ótica das formas geométricas.
Verificou-se também que o aprendizado sobre geometria e dos conteúdos propostos de ciências transcenderam o espaço reservado ao projeto, sendo reproduzidos e discutidos em outros momentos durante as aulas de outros professores.
O fato das atividades envolverem estudo de animais e origamis, fez com que todos ficassem bastante entusiasmados e envolvidos em todas as etapas desenvolvidas.


Referências Bibliográficas:
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais de Matemática para o Ensino Fundamental. Secretaria de Educação. Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

KOHL, M.F; GAINER, C. Fazendo arte com as coisas da terra. Arte ambiental para crianças. São Paulo. Editora Augustus, 1995.

KODA, Y. Origami. Traduzido por Akiko Kunihara Watanabe e revisto por Rafael Almir Marcial Tramm. São Paulo: Aliança Cultural Brasil-Japão, 1986. (Caderno de Cultura Japonesa).

REGO, R. G. ; GAUDÊNCIO, R. M. & JUNIOR, S. A Geometria do Origami. João Pessoa, PA: Editora Universitária/ UFPB, 2003. VILA, C. Nature by Numbers. Vídeo produzido pela Etherea Training, Saragossa, Spain, 2010. Disponível em: <http://www.etereaestudios.com/docs_html/nbyn_htm/intro.htm> acesso em 18 dezembro 2012.




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Experimentações no Ensino de Ciências: Algumas Considerações

10/20/2012

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 A criança é um ser curioso por natureza. Elas, o tempo todo, nos bombardeiam com perguntas, formulam suas próprias hipóteses e muitas vezes as colocam em teste.
A curiosidade dos pequenos, não deve ser proibida mas sim incentivada pois, ela pode servir de uma excelente ferramenta no aprendizado e na consolidação de saberes. A curiosidade é sem dúvida o ponto de partida para a aprendizagem, uma vontade muito grande de aprender (HERMAN et al, 1991).

“... as crianças constroem de maneira espontânea conceitos sobre o mundo que as cercam e que esses conceitos em muitos casos chegam naturalmente a um estágio pré-científico com uma certa coerência interna” (PIAGET e GARCIA, 1981 - apud CARVALHO, 1998, p. 14).

    Partindo destes pressupostos, temos que o ensino de Ciências, desde as séries iniciais, deve  favorecer a ocorrência de perguntas e questionamentos que proporcionem situações problemáticas interessantes e possibilitem a construção de conhecimentos adequados, ou seja, devem-se buscar conteúdos dentro do mundo da criança; o mundo físico em que ela vive e brinca, os quais possam ser trabalhados nas primeiras séries do Ensino Fundamental, permitindo que novos conhecimentos possam ser adquiridos (CARVALHO, 1998).

“... é preciso saber formular problemas... Para o espírito científico, todo conhecimento é resposta a uma pergunta. Se não há pergunta não pode haver conhecimento científico. Nada é evidente. Nada é gratuito. Tudo é construído” (BACHELARD, 1996, p. 18).

    As crianças devem ser consideradas seres participantes de uma sociedade dentro de seu tempo e espaço, portanto elas devem vistas como cidadãs num universo de intenso avanço tecnológico onde elas querem saber mais e mais. Assim, não podemos excluir de sua formação rumo ao mundo adulto, as tecnologias de comunicação que nos bombardeiam no nosso dia a dia, muitas delas pseudocientíficas, que poderiam comprometer seu aprendizado.  
    Todos estes questionamentos vem nos mostrar o quanto a educação científica escolar pode ser importante para a criança. Segundo FUMAGALLI (1998), a educação científica escolar tem um papel importante, pois as pessoas poderiam agir de forma mais consciente, crítica e responsável, se pudessem ter oportunidades para a construção e reconstrução de conhecimento científico.
    No entanto, as escolas tornaram-se locais desmotivadores, ensinando o que muitas vezes não queremos aprender, apoiando-se em métodos rígidos de avaliação que priorizam notas e o ensino de forma desinteressante.
    Neste contexto, a utilização de atividades que permitissem observar fenômenos estudados em Ciências Naturais, de forma prática nas escolas, passaram a ser considerados uma maneira de tornar as aulas mais interessantes e didáticas. O recurso da experimentação passou a ser considerado a “salvação” do ensino de Ciências.
    Segundo SILVA & ZANON (2000), os professores costumam relatar que a experimentação é um recurso importante no aprendizado de Ciências e que a sua prática nas escolas tem sido limitada dada a carência de materiais ou do tempo destinado a estas atividades. Porém, os mesmos autores afirmam que o uso de aulas e atividades experimentais em sala de aula nem sempre significam um aprendizado melhor, ou seja, nem sempre estabelece relações entre teoria e prática.
    HUDSON (1994) apud SILVA e ZANON (2000) aponta que apesar de muitos professores atribuírem a motivação o objetivo das atividades práticas no ensino de ciências, esta nem sempre acontece, pois alguns deles expressam antipatia as experimentações. Desse modo, cabe ao professor encaminhar um processo de ensino significativo e prazeroso. Porém, esse prazer deve começar na escola como um todo, onde o aluno tenha prazer em ir para ela.
    Segundo HUDSON (1994) apud SOUZA (2011), as experimentações podem realmente ser úteis para motivar os alunos, permitir o ensino das técnicas e métodos laboratoriais, auxiliar no aprendizado dos conhecimentos científicos e permitir o desenvolvimento de uma atitude científica. Porém o autor traz considerações pertinentes como:
    Os alunos acabam motivados durante uma atividade de experimentação, nem sempre pela atividade em si mas por ela ser diferente do modelo tradicional de ensino;
    A prática das experimentações, muitas vezes não auxiliam na aquisição de técnicas e métodos laboratoriais, mesmo com a realização de práticas constantes;
    O aluno muitas vezes continua com a imagem distorcida e estereotipadas sobre o cientista, como sendo um ser com características inatas, tais como a objetividade e a neutralidade.
    No ensino de Ciências a experimentação não deve ser confundida com um conjunto de objetivos e métodos. Os Parâmetros Curriculares Nacionais alertam aos professores que o simples fato de realizar a atividade não significa que o aluno irá construir o conhecimento. Segundo os PCNs (BRASIL,1998):
 
"As propostas para renovação do ensino de Ciências Naturais orientavam-se para um movimento chamado Escola Nova, onde as tendências deslocavam-se da questão pedagógica dos aspectos puramente lógicos para aspectos psicológicos, valorizando a participação ativa dos estudantes no processo de aprendizagem. As atividades práticas passaram a representar importante elemento para a compreensão ativa de conceitos, mesmo que sua implementação prática tenha sido difícil, em escala nacional."

    Assim, o ensino de Ciências baseado no método científico passou a ser extremamente valorizado desde os anos 60, pois leva os alunos a fazer observações, levantar hipóteses, testá-las e certificar-se do conhecimento.
    Os PCN`s, no entanto,  ressaltam que os professores precisam também serem capazes de interagir e conhecer seus alunos, de adequar o processo de ensino aprendizagem, de elaborar atividades que possibilitem o uso das novas tecnologias da comunicação e informação. Deve-se procurar desenvolver um ensino de qualidade capaz de formar cidadãos críticos. É de responsabilidade do professor promover atividades que possam estimular e ajudar o aluno na compreensão dos conceitos como: questionamentos, debates, investigação, trabalhos em grupos e o uso das tecnologias. Desta maneira, o aluno passa a entender a ciência como construção histórica e como saber prático, sem levar em consideração um ensino fundamentado na memorização de definições e classificações que não fazem sentido para ele. No ensino de Ciências a abordagem dos conteúdos além de necessitar ser contextualiza, estes devem estar conectados ao cotidiano a ponto de oferecer mais significado ao que se aprende, ajustando-se na função de um referencial comum que seria a própria vivência através das críticas, questionamentos, reflexões e pesquisas.

    

Bibliografia

BACHELARD, G. A formação do espírito científico. Rio de Janeiro: Contraponto Editora, 1996.

BRASIL – SECRETARIA DA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução. Brasília: MEC/SEF. 1998. 174p.

CARVALHO, A. M. P. Ciências no Ensino Fundamental – O conhecimento físico. São Paulo: Scipione, 1998.

FUMAGALLI, L. O ensino de ciências naturais no nível fundamental da educação formal: argumentos a seu favor. In: WEISSMANN, Hilda. Didáctica das ciências naturais. Porto Alegre: ArtMed, 1998. p.13-29.

HERMAN, M.L: PASSINEAU, J.F, SCHIMPF, A L; TTREUER,P. Orientando a criança a amar a terra. São Paulo. Ed. Augustus, 1992.

HUDSON, In: SILVA, L. H. de A. e ZANON, L. B. Título do capítulo. In: SCHNETZLER, R. e ARAGÃO, R. de. Ensino de Ciências: fundamentos e abordagens. 1ed. São Paulo:UNIMEP. 2000. 182p.

SILVA, L. H. de A. e ZANON, L. B. Título do capítulo. In: SCHNETZLER, R. e ARAGÃO, R. de. Ensino de Ciências: fundamentos e abordagens. 1ed. São Paulo:UNIMEP. 2000. 182p.

SOUZA, G. V.; MELLO, I. C.; SANTOS, L. M. P. L. Ciências Naturais: licenciatura em pedagogia convênio Brasil-Japão. Cuiabá, MT: Central de Texto: EdUFMT, 2011.

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    Cláudio da Silva

    Sou Pedagogo e Biólogo e atualmente trabalho na Escola Brasileira Professor Kawase - Hiro Gakuen (Ogaki - Japão).

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