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Curso: Projetos Educativos na Papua Nova Guiné

8/18/2014

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PictureDinâmica desenvolvida durante o curso sobre Projetos Educativos.
Durante cinco dias, pude conhecer uma escola na Papua Nova Guiné, desenvolvendo um pequeno curso sobre Projetos Educativos Interdisciplinares para seus professores, baseado na minha experiência como educador. Neste "segundo" post, apresento um pouco mais sobre a cultura deste enigmático país, além de contar como foi meu contato com a Madina Primary School na Província de Nova Irlanda.

Organizar um curso para os professores da Madina Primary School, na Papua Nova Guiné, foi um pouco complicado, pois a realidade das escolas deste país são completamente diferentes de qualquer ambiente que eu já havia conhecido.
Apesar das longas conversas com o Professor Volker (linguista que vem trabalhando com a comunidade indígena da região desta escola, há mais de 20 anos), além do contato com alguns Papuas, que acabei conhecendo durante minha estadia no Japão, me preocupava qual conteúdo poderia ser abordado neste curso.
Além da precariedade de muitas escolas, que mal possuem livros didáticos, energia elétrica ou mesmo professores habilitados e devidamente treinados, havia ainda problemas relacionados a língua, o que gostaria de abordar brevemente a seguir.

Exemplo de uma escola na Papua Nova Guiné: Karawara Primary School, nas Ilhas de Duke of York, Província de  East New Britain (Clique para vizualizar as fotos).
Sinalização da escola, próxima a região onde os barcos aportam em Kerawara.
Predios da Escola de Kerawara.
Biblioteca da escola.
Detalhe de atividade de Inglês, na Escola de Kerawara.
A Papua Nova Guiné possui o Inglês como uma de suas três línguas nacionais, as outras duas são o Tok Pisin (lingua crioula, baseada no Inglês, largamente utilizada na comunicação oral em toda Papua) e o Hiri Motu (outra lingua crioula que, apesar de bastante utilizada, vem perdendo espaço para o Tok Pisin). O Inglês é a língua oficial no ensino acadêmico porém, começa a ser ensinado, na maioria das escolas, apenas a partir do Terceiro Ano. Isto acontece devido a diversidade linguistica existente na Papua Nova Guiné (mais de 850 línguas diferentes). Assim, as escolas, juntamente com suas comunidades, escolhem quais línguas serão utilizadas até o Segundo Ano, podendo ser a língua indígena local, o Tok Pisin, o Hiri Motu ou mesmo o Inglês. Na vila Madina, na Província de Nova Irlanda, onde estive, a população utiliza o “Nalik” como lingua local. Assim, todo o ensino na Madina Elementary School, escola responsável pelas séries iniciais até o Terceiro Ano, é desenvolvido de forma bilíngue, utilizando o Nalik e o Inglês.
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Alunos da Madina Primary School - Vila Madina, Provincia de Nova Irlanda.
Um dos problemas enfrentados por muitas escolas nos dias de hoje, são as recentes mudanças nos hábitos culturais, em diversas tribos, que tem acarretado grandes conseqüências as línguas locais. Muitas comunidades não tem mais ensinado sua lingua nativa a seus filhos, que acabam aprendendo a falar apenas o Tok Pisin, já que o Inglês é raramente utilizado em conversas informais. Na escola, no entanto, são obrigadas a aprender a lingua local para, após o Terceiro Ano, mudarem para o Inglês. Segundo muitos especialistas este novo comportamento tem acarretado em dificuldades de aprendizado. 
Através desta análise, podemos dizer que, apesar do Inglês ser uma lingua oficial na Papua Nova Guiné ela é aprendida e utilizada, na maioria das vezes, como uma língua estrangeira. Nas ruas é muito difícil ver pessoas conversando em Inglês e muitos não conseguem falar ou compreender a língua.
Desta forma, a princípio, minha proposta de atividade na Papua Nova Guiné, seria de um breve contato com os professores e a direção da escola, visando partilhar os resultados dos quatro anos do desenvolvimento do “Projeto Pen Pal”, onde os alunos da Escola Brasileira Hirogakuen, no Japão, se correspondem, em inglês, com alunos da Madina Primary School na Nova Guiné.

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Material enviado pelos alunos da Hirogakuen (no Japão), em 2012. A escola Madina Primary School, mantém este mural até hoje.
Eu queria apresentar aos professores, a forma como eu havia organizado as etapas deste projeto e estava utilizando a troca de correspondências entre os alunos, como estratégia para melhorar o aprendizado de elementos referentes a gramática da lingua inglesa; apresentar novas palavras para incrementar o vocabulário dos alunos; incentivá-los a escrever pequenos parágrafos em inglês, além de expandir o tema para outras áreas do conhecimento como: Geografia, História e Ciências.
Eu queria discutir estes elementos pois, analisando as cartas dos alunos da Madina Primary School, quando estas chegavam até meus alunos no Japão, percebi que os professores não estavam participando de todo o processo. A atividade não estava sendo conduzida como um propósito de aprendizagem, mas sim como uma atividade recreativa, totalmente desvinculada das aulas, ou seja, os professores estavam apenas pedindo aos alunos para redigirem uma carta.
Esta minha suspeita foi embasada através de algumas observações como: muitas cartas não seguiam um padrão para este formato de texto; presença de muitos erros gramaticais simples, além de palavras provenientes da língua Tok Pisin. Todos estes elementos demonstravam que as cartas não haviam recebido revisão e estavam sendo encaminhadas da forma como estavam sendo produzidas pelas crianças.
Claro que, quando propusemos a Madina Primary School este intercâmbio, não consideramos nenhuma metodologia a ser seguida, apenas a possibilidade dos alunos se comunicarem por correspondência.
Assim, considerei que o Curso a ser apresentado ao corpo técnico da escola Madina Primary School, poderia abordar o tema “Projetos Interdisciplinares”, procurando através da discussão dos resultados do Projeto Pen Pal, demonstrar como elaborar, desenvolver e avaliar este tipo de atividade dentro do ambiente escolar. 

Dois momentos na Papua Nova Guiné (clique para visualizar as fotos)

Alunos do Quarto Ano da madina Primary School, lendo as cartas recebidas em 2014.
Aluna do Sétimo Ano escrevendo sua carta para o Japão.
A programação,  dividida em cinco dias (23 a 27 de junho), incluiu também o meu contato com os alunos, juntamente com seus professores, onde conversei sobre a escola Hirogakuen e entreguei as novas cartas vindas do Japão; apresentei alguns aspectos da cultura brasileira e ensinei alguns jogos e brincadeiras (veja maiores detalhes no post: Ultrapassando Fronteiras: Projetos Educativos na Papua Nova Guiné).
Durante os encontros discutimos estratégias de como instigar a curiosidade dos alunos e organizar atividades considerando diversas áreas do conhecimento. Como exemplo de projetos educativos, apresentei aos professores algumas atividades que havia previamente desenvolvido com meus alunos da Hirogakuen. Mostrei livros produzidos pelos alunos, alguns vídeos, além de atividades mais simples como Origamis e máscaras com papeis coloridos.
Como proposta final, sugeri que a escola elaborasse um pequeno projeto para o Terceiro e Quarto Ano, focando na aquisição de habilidades na escrita em inglês, juntamente com conteúdos de outras disciplinas. 

Conversando com os professores, ficou definido que o projeto seria de um pequeno livro, narrando algum assunto do interesse dos próprios alunos. O livro seria escrito e ilustrado coletivamente, utilizando frases e parágrafos simples, os quais posteriormente receberiam revisões e sugestões dos professores.
Como forma de despertar o interesse dos alunos pelo projeto, foi definido que a produção seria enviada, como presente, aos alunos da Escola Hirogakuen no Japão.
Como a escola carece de equipamentos para produção dos textos (computadores e impressoras), o livro será totalmente manuscrito; uma alternativa encontrada pelos professores para reproduzir o Projeto “Livro coletivo", que mostrei durante nossos encontros.


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Professoras analisando as produções, elaboradas pelos alunos da Hirogakuen.
Na minha avaliação, este breve encontro foi muito produtivo. Apesar das diferenças culturais entre os Papua-nova-guineses e nós brasileiros a comunicação, durante as atividades, foi bastante tranquila e todos participaram das dinâmicas e atividades sugeridas.
Segundo a Diretora da Madina Primary School, Professora Elsie Rakum,  foi uma grande oportunidade para sua escola que, localizada em uma área tão remota, pode conhecer um pouco mais sobre trabalhos educativos desenvolvidos em outro país como o Japão. A Coordenadora da Madina Primary School, Professora Kombeng, acrescentou ainda que, o curso ajudou-os a compreender como os professores poderiam construir atividades mais interativas, além de aproveitar mais do projeto Pen Pal para reforçar o aprendizado do Inglês, principalmente entre os alunos do Terceiro e Quarto Ano.
Gostaria de acrescentar ainda que, fui muito bem recebido no vilarejo indígena Madina, durante as três semanas em que permaneci na Papua Nova Guiné. O povo deste país é muito simpático e acolhedor.

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Foto de encerramento do curso, com os professores da Madina Primary School
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A Arte do Origami

7/7/2013

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Origami é uma palavra de origem japonesa constituída a partir da união das palavras ori (dobrar) e kami (papel). Segundo Koda (1986), a arte do origami nasceu na China e após quinhentos anos foi levada para o Japão, no começo do século 6, por um monge budista chamado Tonchyo, sacerdote, doutor e físico da Coréia, que trouxe para o Japão, além dessa arte, a pintura e a fabricação de tinta. Esta atividade artística é bastante presente no cotidiano das crianças que vivem aqui no Japão. Trata-se de um material barato, de fácil aquisição, com diversos tamanhos, texturas e cores.
Através do Origami é possivél explorar formas geométricas na construção de figuras e objetos, conforme já foi apresentado anteriormente no post: Oficina "Ciência e Arte: O Origami no Ensino de Geometria"
Durante a elaboração das dobraduras, as figuras vão se alternando, o que permite com que o aluno mantenha-se atento a atividade, relacionando e entendendo os conceitos apresentados de forma prática e concreta. Esse trabalho favorece ainda a observação e construção de diferentes formas geométricas, possibilitando ao aluno reconhecer as semelhanças entre elas, podendo assim compor e decompor figuras, além de compreender algumas simetrias como características destas figuras.

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Elaborando um mapa dos ecossistemas brasileiros e alguns de seus habitantes, confeccionados com origami.
O tipo de papel selecionado para o desenvolvimento desta arte manual é também muito importante.  À princípio, qualquer papel serve para fazer dobraduras, porém papéis espessos acabam dificultando a formação de vincos nas dobras e/ou quando o fazem podem acabar rasgando com facilidade.
Os papéis japoneses são excelentes para a confecção de origamis complicados, com muitas dobras. Aqui no Japão eles são baratos e abundantes, nas mais variadas cores e texturas e já vem cortados no tamanho exato (15x15 cm). Caso não seja possível adquirí-los, uma possibilidade é utilizar papéis de presente, os quais são fáceis de dobrar e valorizam o trabalho devido suas inúmeras estampas de cores vivas. 

Dobraduras com poucas dobras, podem ainda ser feitas com papéis mais simples, até mesmo com sulfite branco, e posteriormente coloridos com lápis de cor ou giz de cera. 
Além da escolha e seleção do material, o importante na confecção do Origami é ser paciente e criativo para desenvolver seus trabalhos.





O Youtube está repleto de vídeos que ensinam a fazer belíssimos origamis. Adicionei alguns deles abaixo:
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Releitura de obra de arte em Ciências

6/11/2013

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É difícil conceituar arte, pois ela encontra-se ao nosso redor em tudo que observamos. A arte não é apenas algo que encontramos nos museus e nas galerias de arte, ou em antigas cidades européias como Roma, Paris ou espalhada pela Grécia antiga. A Arte está presente em tudo que fazemos para satisfazer nossos sentidos.
Assim, nada mais justo que a educação considere a arte uma de suas ferramentas mais importantes. Segundo Read (2001), a educação através da arte significa uma educação que tem a arte como uma das suas principais aliadas, que permita uma maior sensibilidade para o mundo ao nosso redor. Segundo ele, a educação tem por objetivo desenvolver, juntamente com a singularidade, a consciência social do indivíduo. Comenta ainda que a função mais importante da educação é “a educação da sensibilidade estética”.
A arte pode contribuir imensamente para o desenvolvimento da criança, seja nos primeiros anos de vida, seja na idade escolar. O importante é que os professores esteja abertos à mudanças, no sentido de aprofundarem mais seus conhecimentos na psicologia do desenvolvimento infantil e se permitirem ensinar arte às crianças. Somente assim a criança poderá exprimir o seu mundo através da arte.


Neste post, gostaria de apresentar um trabalho de Releitura de uma obra artística , realizado com alunos do Segundo Ano do Ensino Fundamental. A atividade foi utilizada como complemento de conteúdos de Ciências, quando estávamos estudando a classificação e características dos animais vertebrados.

A obra escolhida foi “Gato e Pássaro” de Paul Klee (1928).

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Gato e Pássaro (Paul Klee, 1928). fonte: http://www.passeiweb.com/saiba_mais/arte_cultura/galeria/open_art/632
Desenvolvimento da oficina:

Primeiramente foi apresentado aos alunos um pouco da biografia de Paul Klee, utilizando-se slides em Power Point, onde os alunos puderam visualizar um retrado do artista e algumas de suas principais obras. 
Em seguida cada aluno recebeu uma cópia impressa da obra “Gato e Pássaro”. Durante esta etapa os alunos puderam livremente, discutir a obra apresentando suas impressões sobre ela.
Foi então solicitado a eles que procurassem reproduzir, em cartolinas brancas, a obra que havíamos analisado. Para esta etapa eles utilizaram lápis de cor e Giz Pastel Oleoso. Os alunos foram orientados durante a elaboração das suas pinturas,quanto a forma de utilização dos materiais, onde primeiramente eles deveriam colorir os desenhos com lápis de cor e posteriormente manchá-lo , pincelando com o crayon e espalhando a tinta com a ponta dos dedos.

Após o término desta releitura, foi solicitado aos alunos que procurassem desenvolver outra pintura, utilizando a mesma técnica aplicada na releitura da obra de Paul Klee. Desta vez eles poderiam criar suas próprias obras. A única exigência foi que, como Paul Klee, deveriam utilizar dois animais em suas composições.
A oficina foi desenvolvida durante cinco aulas, distribuídas no período de duas semanas. Os alunos adoraram a oficina e produziram desenhos muito bonitos. Percebe-se que este tipo de atividade explora a criatividade e instiga a curiosidade das crianças, além de permitir com que trabalhem com os conteúdos apresentados nas aulas. Os animais escolhidos por eles, por exemplo, foram aqueles utilizados durante as aulas de Ciências.  


Referências Bibliográficas:


READ, H. A educação pela arte. São Paulo: Martins Fontes, 2001.


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Oficina "Ciência e Arte: O origami no ensino de geometria"

12/17/2012

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Alunos brasileiros no Japão participam de uma oficina interdisciplinar, aprendendo sobre geometria e a biodiversidade dos ecossistemas brasileiros. Atividade desenvolvida para o Relatório Reflexivo apresentado ao Curso de Licenciatura em Pedagogia - Acordo Brasil/Japão como requisito para conclusão da disciplina Práticas Pedagógicas e Ensino - Estágio II, “Currículo e Organização do Trabalho Pedagógico e Desenvolvimento de Conceitos Matemáticos”.

A Geometria, por trabalhar com as formas e dimensão dos objetos e estar presente, de maneira explícita, na Educação Artística (seja na organização e diagramação de traços e figuras ou na composição de desenhos e pinturas) e na Ciência (na forma e simetria dos elementos da natureza que nos cercam), mostra-se uma área rica para exploração de atividades interdisciplinares. Assim, através de um diálogo entre elementos destas três disciplinas, foram organizadas atividades que proporcionassem situações de aprendizagem, onde a matemática, neste caso a Geometria, estivesse relacionada e interligada a elas.      
No campo das artes escolheu-se o Origami, por tratar-se de uma técnica que utiliza formas geométricas na construção de figuras e objetos, além de ser uma atividade bastante presente no cotidiano das crianças que vivem no Japão. Trata-se de um material barato, de fácil aquisição, com diversos tamanhos, texturas e cores (Figura 1). 
Origami é uma palavra de origem japonesa constituída a partir da união das palavras ori (dobrar) e kami (papel). Segundo KODA (1986), a arte do origami nasceu na China e após quinhentos anos foi levada para o Japão, no começo do século 6, por um monge budista chamado Tonchyo, sacerdote, doutor e físico da Coréia, que trouxe para o Japão, além dessa arte, a pintura e a fabricação de tinta.
Durante a confecção de um Origami, vão surgindo figuras geométricas como triângulos e quadriláteros, além de múltiplas linhas de simetria dentro da mesma figura, que podem ser perfeitamente utilizados para ensinar noções de retas perpendiculares, congruência, classificação de figuras quanto ao número de lados, entre outros.
O estudo da Geometria, no seu sentido mais abrangente, trabalhado através de construções planas e espaciais, com auxílio do Origami, pode portanto fornecer oportunidades de exploração que permitam investigar, descrever e descobrir as propriedades destas construções. Pode também ampliar as possibilidades da percepção e exploração do espaço, pontos estes essenciais na leitura e entendimento do mundo em que vivemos. De acordo com REGO et al (2003, p. 18):


“O Origami pode representar para o processo de ensino/aprendizagem de Matemática um importante recurso metodológico, através do qual, os alunos ampliarão os seus conhecimentos geométricos formais, adquiridos inicialmente de maneira informal por meio da observação do mundo, de objetos e formas que o cercam. Com uma atividade manual que integra, dentre outros campos do conhecimento, Geometria e Arte.”

A geometria, sendo a parte gráfica da matemática, encontra-se na maioria das propostas curriculares das escolas dentro da área de matemática, geralmente como um dos últimos tópicos a serem ensinados. Quando é vista na escola, poucos são os professores que dão ao seu ensino uma abordagem gráfica, trazendo o desenho à tona; poucos são os que evidenciam seu aspecto lúdico. A geometria, no ensino fundamental, muitas vezes fica sendo mais uma abordagem teórica, bastante algebrizada, e assim prossegue pelo ensino médio que da mesma forma reproduz o modelo teórico, até ser evidenciada pelos programas dos vestibulares das universidades.     
Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática para o Ensino Fundamental – PCN (BRASIL, 1998) apontam que a construção do pensamento geométrico deve ocorrer ao longo da Educação Básica e que a geometria não deve ser vista como um elemento separado da Matemática, mas sim, uma parte que ajuda a estruturar o pensamento matemático e o raciocínio dedutivo, devendo permitir ao aluno examinar, estabelecer relações e compreender o espaço tridimensional onde vivemos.

Objetivos: Esta oficina foi desenvolvida com alunos do Terceiro Ano do Ensino Fundamental I, na faixa etária de 7 a 10 anos. A partir da exploração de temas e conceitos de ecologia (Ecossistemas Brasileiros), realizou-se atividades práticas com origamis, como ferramentas no ensino e aprendizado de conteúdos de matemática na área de geometria visando.
  • Assistir uma apresentação em Power Point com imagens dos Ecossistemas Brasileiros a fim de conhecer a diversidade de ambientes e seres vivos existentes no Brasil;
  • Visualizar mapas da vegetação do Brasil, analisando a área ocupada pelos principais biomas no país e localizando as regiões onde estes estão distribuídos;      
  • Elaborar figuras Geométricas Planas, confeccionadas com Origami e com estas, construir um caderno ilustrado de Geometria;       
  • Aprender os nomes das principais figuras geométricas planas, identificando-as de acordo com suas principais características durante o desenvolvimento e confecção de Origamis;
  • Elaborar figuras de animais brasileiros, utilizando-se a técnica do Origami com papéis coloridos;
  • Produzir um mapa da vegetação do Brasil, coletivo, que apresente e represente os conceitos e informações discutidos e utiliza-lo como fundo para a apresentação e exposição dos Origamis confeccionados pelos alunos.         

Desenvolvimento: A ofincina foi desenvolvida durante o período de quatro semanas, durante o mês de janeiro de 2012, com um grupo de 11 alunos do Terceiro Ano do Ensino Fundamental I da Escola Brasileira Professor Kawase – Hiro Gakuen (Cidade de Ogaki, Província de Gifu, Japão).
Para melhor organização e execução da Oficina “Ciência e Arte: O Origami no Ensino de Geometria”, foram consideradas Cinco etapas:


Etapa 1. Apresentação da Oficina: Nesta atividade introdutória, os alunos tiveram a oportunidade de assistirem ao vídeo Nature by Numbers (VILA, 2010), que apresenta diversas propriedades matemáticas na natureza, entre elas a geometria. Foi solicitado a eles que prestassem bastante atenção nas imagens (vídeo disponível abaixo).    
Após estas observações, foi então explicado sobre o que iria ser trabalhado na oficina “Ciência e Arte”, e quais atividades seriam desenvolvidas.  A geometria e sua presença ao nosso redor, foi apresentada de forma livre, com a exploração e observação de objetos presentes no ambiente da sala de aula. Os alunos também conheceram a história do origami, aprendendo um pouco sobre sua origem.

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Figura 1. Mapa-Poster da Biodiversidade (Revista Terra)
Etapa 2. Ecossistemas Brasileiros: Os principais Biomas brasileiros (Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal, Litoral e Região Costeira e Campos), foram apresentados de forma simples, visando o entendimento de suas dimensões e distribuição pelo território brasileiro, além de informações gerais sobre suas principais características fisionômicas e exemplos de seres vivos encontrados neles. Nesta atividade utilizou-se um mapa da vegetação brasileira, além do suplemento Mapa-Poster da Biodiversidade (REVISTA TERRA), como forma de concretizar os conceitos explorados, visto que nesta série, nas disciplinas de Geografia e História, os alunos já tem contato com o território brasileiro (Figura 1 e 2). Esta atividade também foi uma oportunidade de apresentar aspectos da terra natal  àqueles alunos, que apesar de possuírem a nacionalidade brasileira, pouco contato tiveram com o seu país de origem ou mesmo para aqueles onde o Brasil parece ser apenas uma idéia distante, a terra de seus pais pois nasceram no Japão e nunca deixaram o país. Nesta etapa, além dos mapas, foi também utilizado uma apresentação com imagens dos Biomas brasileiros e os principais seres vivos que os habitam, organizadas em Power Point.

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Figura 2. Alunos explorando o Mapa-poster da Biodiversidade
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Figura 3. Figuras geometricas trabalhadas com os alunos
Etapa 3. Formas na Natureza: A partir das imagens vizualizadas na etapa anterior, procurou-se estimular nos alunos, num exercício de imaginação, a observação e identificação de formas geométricas na natureza e no ambiente ao seu redor. Assim a criança pode observar a importância da geometria presente nos elementos da natureza e na criação do homem.  
Neste exercício foram apresentados as principais formas geométricas planas, seus elementos e conceitualização.
Com uso de origamis coloridos, os alunos foram orientados a confeccionar figuras geométricas e durante esta atividade, foram discutidos conceitos de reta, lado, ponto, etc.
Cada aluno, posteriormente, recebeu um caderno previamente preparado, para colarem estas figuras, classificando-as quanto ao número de lados (Figura 3 e 4).    
As dobras destes origamis eram também os primeiros passos para a confecção das figuras de animais que seriam explorados na etapa seguinte. Assim, elaborando as figuras geométricas eles estavam, ao mesmo tempo, treinando para elaborarem as complicadas dobraduras de animais silvestres.


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Figura 4. Alunos confeccionando origami de figuras geométricas
Etapa 4. A Geometria do Origami: Através da construção de figuras com origami, pretendeu-se consolidar os conhecimentos apresentados nas etapas anteriores fazendo uma conexão com os biomas brasileiros.
Num primeiro momento foram construídas apenas figuras geométricas simples, refazendo o percurso da etapa anterior, os quais eram a base para o desenvolvimento de nove origamis previstos para a oficina: Boto-cor-de-rosa, Arara-vermelha, Lobo-guará, tucano-toco, Tartaruga verde, onça-pintada, Baleia-jubarte, Arara-azul e Ema (Figura 5).
Durante a elaboração das dobraduras, recorreu-se aos elementos presentes nas figuras geométricas já apresentadas, visto que, durante esta atividade, vão aparecendo retas (nas dobras), bem como as figuras vão se alternando o que permite com que o aluno relacione e entenda os conceitos de forma prática e concreta. Esse trabalho favoreceu a observação e construção de formas, possibilitando ao aluno reconhecer as semelhanças entre elas, podendo assim compor e decompor figuras, percebendo algumas simetrias como características das figuras.  
Como forma de estímulo a curiosidade e interação, foram inseridos durante esta prática, informações sobre o modo de vida dos seres vivos construídos,  e a identificação de suas principais adaptações aos ecossistemas onde vivem.
Quanto aos conteúdos de matemática, explorados com a construção das figuras geométricas, os alunos conseguiram compreender os conceitos envolvidos na construção das figuras planas, pois conseguiram vivenciar a teoria de forma concreta. Conforme as figuras iam sendo construídas, elas eram conceituadas e classificadas. Como muitas delas se repetiam ao longo do processo, os próprios alunos passaram a nomear cada passo com as respectivas formas que surgiam. Assim era mostrado como deveria ser dobrado e alguém dizia “é para fazer um triângulo professor?” ou “Agora virou um pentágono né?”; “Como é mesmo o nome desta?”
Colocar a criança em contato com novas experiências como a arte, eventos culturais ou jogos, estimula sua imaginação e originalidade levando-as a explorações e reflexões (KOHL & GAINER, 1995).

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Figura 5. Alguns dos origamis de animais confeccionados pelos alunos.
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Figura 6. Elaborando o Mapa dos Ecossistemas Brasileiros
Etapa 5. Mapa coletivo das formações vegetais do Brasil: Nesta última etapa, um quebra cabeça do mapa da vegetação do Brasil,  com dimensões de aproximadamente 1,0m X 70cm, dividido em folhas tamanho A3, foi recortado e montado coletivamente com os alunos. O domínio das vegetações, nele presente, foi delimitado com cartolinas coloridas (Figura 6).
Após a construção do mapa, foram elaboradas legendas dos ambientes, e dos origamis dos seres vivos, estas últimas escritas pelos próprios alunos. Os origamis e fotos dos ecossistemas representados foram afixados ao mapa e o trabalho, posteriormente exposto no mural da escola (Figura 7).



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Figura 7. Finalizando o Mapa dos Ecossistemas Brasileiros
Conclusão:
Durante o desenvolvimento desta prática, verificou-se a participação e motivação intensa dos alunos, que aprenderam sobre os ecossistemas brasileiros e alguns animais que neles habitam, através de atividades artísticas com origami explorados sob a ótica das formas geométricas.
Verificou-se também que o aprendizado sobre geometria e dos conteúdos propostos de ciências transcenderam o espaço reservado ao projeto, sendo reproduzidos e discutidos em outros momentos durante as aulas de outros professores.
O fato das atividades envolverem estudo de animais e origamis, fez com que todos ficassem bastante entusiasmados e envolvidos em todas as etapas desenvolvidas.


Referências Bibliográficas:
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais de Matemática para o Ensino Fundamental. Secretaria de Educação. Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

KOHL, M.F; GAINER, C. Fazendo arte com as coisas da terra. Arte ambiental para crianças. São Paulo. Editora Augustus, 1995.

KODA, Y. Origami. Traduzido por Akiko Kunihara Watanabe e revisto por Rafael Almir Marcial Tramm. São Paulo: Aliança Cultural Brasil-Japão, 1986. (Caderno de Cultura Japonesa).

REGO, R. G. ; GAUDÊNCIO, R. M. & JUNIOR, S. A Geometria do Origami. João Pessoa, PA: Editora Universitária/ UFPB, 2003. VILA, C. Nature by Numbers. Vídeo produzido pela Etherea Training, Saragossa, Spain, 2010. Disponível em: <http://www.etereaestudios.com/docs_html/nbyn_htm/intro.htm> acesso em 18 dezembro 2012.




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Oficina: "Arte-Ambiental"

10/14/2012

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Releitura da Obra: Peixe Dourado de Paul Klee

    A Oficina Criação Arte-Ambiental procurou, a partir dos conteúdos apresentados nas aulas de Ciências, utilizar o trabalho da releitura de uma obra de arte como ferramenta didática na sedimentação dos conceitos estudados nesta disciplina.
    Através da expressão artística foram discutidas e interpretadas informações relacionadas a biologia dos peixes. Além destes objetivos, a oficina buscou identificar, interpretar, apreciar e contextualizar culturalmente a obra de um artista, neste caso a obra Peixe Doruado de Paul Klee.
    O público-alvo deste projeto foram 10 alunos do Segundo Ano do Ensino Fundamental I da Escola Brasileira Professor Kawase - Hiro Gakuen, localizada da cidade de Ogaki, província de Gifu no Japão.
    Para esta atividade foram utilizados folhas de papel sulfite branco A4, Giz de cera e lápis de cor, folhas de papel origami coloridos, tesouras e cola.
    Além dos materiais citados acima, foram impressos 4 figuras da obra Peixe Dourado de Paul Klee para que os alunos pudessem observá-las enquanto realizavam a oficina, além de fotos de vários peixes.
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PAUL KLEE Peixe Dourado (1925)
    Optou-se trabalhar com o artista Paul Klee por suas obras possuírem traços de fácil observação e cores vibrantes, que captam a atenção das crianças.
    Após uma breve introdução sobre os conteúdos de ciências, os alunos apreciaram as figuras de diversos peixes coloridos e, procurando mergulhar num imaginário mais abstrato, foi sugerido que eles tentassem dizer o que as cores daqueles peixes representavam.
    Alguns alunos sugeriram que estas cores eram frutos da alegria destes seres, outros sugeriram que elas eram assim pois, os peixes, eram como enfeites na água, uma forma de tornar os mares, rios e lagos mais bonitos. Foi então ressaltado que a natureza é realmente bela e que “este” era um motivo muito importante para que ela fosse preservada.
    Após a apresentação inicial, procedeu-se a apreciação da obra escolhida para releitura. Durante este momento, foi contado um pouco da história deste artista e discorrido sobre as técnicas que ele utilizava na concepção de seus trabalhos: o uso das cores vibrantes e a criação de figuras únicas que, quando se tratavam de seres vivos, ele praticamente criava seus próprios animais e plantas, como o peixe mágico presente na obra com suas barbatanas escarlates e um olho que parece uma flor rosada.

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Neste momento, as crianças puderam fazer suas próprias descrições da obra de forma oral e colaborativa.  Entre as observações, estavam por exemplo, a explicação do porque a água ao redor do peixe parece tão escura na obra de Klee: “estava anoitecendo e todos os peixes estavam indo dormir (Bruno – 7 anos)”; “O rio estava bastante poluído e os peixinhos estavam indo embora, fugindo da sujeira na água (Rebeca – 8 anos)” ou ainda  “ele pintou assim porque queria que o peixe amarelo aparecesse mais, ficasse bem bonito assim... (Diogo – 7 anos)”.
    Foi um momento intenso, todos queriam propor idéias, concordar ou discordar do que estava sendo exposto.
    O próximo passo foi a produção de um trabalho com características da obra analisada. Para tanto, procedeu-se uma breve descrição dos materiais selecionados para a confecção de seus trabalhos, procurando apresentar formas da utilização e técnicas para a pintura. Foi chamado a atenção para o uso de cores vibrantes e como destacar as figuras sobre o fundo que eles iriam criar.
    As cores a serem utilizadas ficou a critério de cada aluno e, desta forma, cada um criou um fundo para seu trabalho.


      Com o fundo pronto, foi explicado que o peixinho principal do trabalho seria confeccionado de Origami e foi solicitado para que eles escolhessem a cor do papel de sua preferência, sempre analisando a tonalidade que melhor se destacaria sobre o fundo pintado.
    Junto com os alunos, passo a passo, foi confeccionado o origami do peixinho e cada um fez o seu e colou no desenho.
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Finalizado o trabalho, cada aluno apresentou seu trabalho e explicou um pouco sobre as cores que utilizou e o que queriam demonstrar em sua obra.
Foi também feita uma avaliação da atividade onde todos demonstraram-se contentes com a proposta e solicitaram para que na próxima aula, fizéssemos outra atividade parecida. A oficina demonstrou-se uma ferramenta importante onde a linguagem artística pode ser utilizada como ferramenta na captura da atenção e estímulo dos alunos no aprendizado de conceitos de Ciências.

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    Cláudio da Silva

    Sou Pedagogo e Biólogo e atualmente trabalho na Escola Brasileira Professor Kawase - Hiro Gakuen (Ogaki - Japão).

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